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O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, anunciou que vai
renunciar ao cargo imediatamente após seu partido, o Congresso Nacional
Africano, votar pela sua queda. "Mesmo que eu não concorde com a decisão
da minha organização, eu sempre fui um membro disciplinado do ANC",
disse Zuma ao final de um longo discurso televisionado nesta
quarta-feira. Zuma, que tem sido perseguido por várias acusações de
corrupção, envolveu-se em uma batalha árdua sobre quem deve liderar a
economia mais desenvolvida da África. Suas declarações foram feitas após
uma autoridade do ANC afirmar que o partido o substituiria pelo
ex-vice-presidente sul-africano Cyril Ramaphosa. O ANC detém cerca de
dois terços dos assentos do Parlamento sul-africano, e os partidos
opositores pedem pela renúncia de Zuma há muito tempo. Hoje não foi um
dia fácil para o presidente. Nesta manhã, a polícia conduziu uma busca
na residência e na sede de uma empresa da família Gupta, próxima a Zuma.
A família controla um império que em um momento se estendeu à mídia e à
mineração do país. Cinco pessoas foram detidas. De acordo com
documentos vazados no último ano, os irmãos Gupta usaram a amizade com
Zuma e a sociedade com o filho do presidente, Duduzane, para influenciar
as decisões do governo em favor de seus negócios. Os irmãos também
foram acusados de terem tentado subornar o ex-ministro das Finanças.
Zuma, seu filho e os Gupta rejeitam as acusações e dizem que os
documentos vazados são falsos. A sorte de Zuma entrou em declínio desde
que ele falhou em eleger sua ex-mulher como a nova líder do ANC, em
dezembro. Ramaphosa, um ex-sindicalista que ajudou a escrever a
Constituição sul-africana após o apartheid, ganhou a eleição do partido e
manifestou apoio à renúncia de Zuma desde então. Zuma, de 75 anos,
disse que se sentiu injustiçado pela liderança do partido e alertou que a
sigla de Nelson Mandela está colocando em risco a união ao pressionar
por sua renúncia. "Provavelmente teremos violência neste país", disse o
presidente mais cedo, citando a saída de membros frustrados do partido
após a renúncia forçada, em 2008, do então presidente Thabo Mbeki. Os
atritos entre Zuma e a cúpula do partido enfraquecem o ANC que derrubou o
governo da minoria branca. Pela primeira vez desde que Nelson Mandela
foi eleito presidente em 1994, o partido pode perder a maioria
parlamentar nas próximas eleições. O ANC perdeu o controle de grandes
cidades sul-africanas, incluindo Pretória e Johannesburgo, em meio a
críticas de seu histórico na redução da pobreza e da desigualdade e
escândalos de corrupção no governo Zuma.