Foto: Divulgação / Polícia Federal
A Polícia Federal investiga, no âmbito da Operação Tesouro
Perdido, o elo entre o bunker dos R$ 51 milhões atribuídos aos irmãos
Lúcio e Geddel Vieira Lima e supostos esquemas de corrupção na Caixa
Econômica Federal. Os investigadores apreenderam atas da instituição na
casa da mãe do ex-ministro, de acordo com relatório a que o Estado teve
acesso. O documento mostra que a Caixa liberou R$ 5,8 bilhões em
créditos a empresas investigadas. Do total, R$ 4,4 bilhões foram
destinados a empresas da holding J&F. A mãe do ex-ministro, Marluce
Quadros Vieira Lima, também é uma das denunciadas na investigação. A
denúncia foi feita em dezembro de 2017 pela procuradora-geral da
República, Raquel Dodge, no âmbito da Tesouro Perdido. Geddel, o
deputado federal Lúcio Vieira Lima e o empresário Luiz Fernando Machado
Costa Filho são acusados de associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Deles, a Procuradoria cobra R$ 51 milhões. A PF ainda investiga a origem
do dinheiro. Um dos caminhos apontados pelos investigadores é o doleiro
Lúcio Funaro, que revelou ter levado malas de dinheiro ao emedebista em
voos a Salvador, que totalizaram R$ 20 milhões. De acordo com as
investigações, Funaro reconheceu, entre os R$ 51 milhões, maços de
dinheiro de um banco ligado à J&F. "Lúcio Funaro informou que os
valores envoltos em ligas, com um pedaço de papel onde havia impresso o
valor constante do maço de dinheiro, era exatamente como retirava o
dinheiro dos seus doleiros e repassava para Geddel", afirmou a PF no
relatório. Funaro reconheceu ainda ter operado propinas a emedebistas
relativas a negócios da Caixa Econômica Federal. Para a PF, Geddel agia
na instituição financeira "para beneficiar empresas com liberações de
créditos dentro de sua área de alçada e fornecia informações
privilegiadas para os outros membros da organização criminosa que
integrava". Para a PF, as atas da Caixa apreendidas na casa da mãe de
Geddel apresentam "informações relevantes à investigação" sobre o bunker
em Salvador. O relatório, assinado pelo agente Arnold Mascarenhas,
destaca que foi feita uma análise sobre os documentos que levou em
consideração investigações anteriores contra o emedebista. "Apesar de
ocupar o cargo de vice-presidente de Pessoas Jurídicas da CEF entre
abril de 2011 e agosto de 2013, o ex-ministro catalogou também as atas
em que foram aprovadas operações com as empresas investigadas nos anos
que sucederam a sua gestão", concluiu. Em uma das pastas encontradas, há
a anotação: "Para a defesa". Os agentes dizem entender que, apesar de
encontrada na casa de Marluce, é "nítido" que os documentos são de
Geddel. A PF destaca ainda que "dentre empréstimos, repactuações, e
substituição de garantias, o valor global dos valores constantes nas
atas encontradas" soma o montante de R$ 28,7 bilhões. O relatório
identifica que a maior beneficiada entre as empresas encontradas nas
atas apreendidas foi a empresa J&F Investimentos. "Lembrando que
este foi tão somente o valor aprovado no período em que Geddel Vieira
Lima ocupava o cargo de vice-presidente". Em nota, a Caixa Econômica
informou que está em "contato permanente com as autoridades, prestando
irrestrita colaboração com os trabalhos". Procurado, o advogado da
família Vieira Lima, Gamil Föppel, não se manifestou. A J&F, através
de sua assessoria, informou que vai se manifestar.