Josias de Souza
Impulsionada
pelo surto de violência que tem no Rio de Janeiro sua principal
vitrine, a bancada parlamentar da bala pressiona Michel Temer pela
criação de uma nova pasta: o Ministério da Segurança Pública. E o
presidente não descartou a hipótese de ceder à pretensão do grupo.
Abstraindo-se
a obviedade de que a criação de um novo ministério não fará murchar as
estatísticas da violência, a proposta esconde um elemento tóxico: a
pasta da Segurança, a ser entregue a um deputado qualquer, absorveria em
seu organograma pedaços estratégicos do Ministério da Justiça. Por
exemplo: a Polícia Federal.
Num
cenário de normalidade, a ideia de subordinar a engrenagem da PF a um
parlamentar de qualificação duvidosa seria apenas temerária. Torna-se
explosiva numa atmosfera em que o diretor-geral do órgão, Fernando
Segovia, está na berlinda por ter sinalizado a intenção de arquivar
inquérito estrelado por Temer.
É
como se Temer, tendo feito uma opção preferencial pela temeridade,
brincasse com um spray de gasolina na beirada de uma fogueira.