terça-feira, 23 de janeiro de 2018

MPF: investigada troca na chefia da PF de Santos


Walter Nunes - Folha de S.Paulo

O procurador da República Roberto Farah Torres, do Ministério Público Federal em Santos, enviou na última sexta-feira (19) um ofício ao superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Disney Rosseti, solicitando informações sobre os critérios que serão adotados para a substituição no comando da Delegacia da PF na cidade litorânea, uma das maiores do país.
O porto de Santos é área tradicional de influência do presidente Michel Temer. Ele é investigado pelo suposto favorecimento da operadora de terminais Rodrimar, por meio da edição do Decreto dos Portos. Em troca, haveria pagamento de propina. O negócio teria sido intermediado pelo ex-assessor da Presidência, Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), o mesmo filmado com uma mala com R$ 500 mil de propina da JBS.
O pedido de explicações ao chefe da PF paulista é segundo passo de um inquérito civil aberto no dia 15 de janeiro pelo procurador-geral da República em São Paulo, Thiago Lacerda Nobre, que apura os motivos da substituição. O Ministério Público tem entre as suas atribuições o controle externo da atividade policial.
Em dezembro, a direção da Polícia Federal retirou da chefia santista o delegado Júlio César Baida Filho, transferido para o Rio de Janeiro. Seu substituto ainda não foi definido. A Folha apurou que a mudança ocorre no momento em que avançam investigações sobre um esquema de corrupção no porto de Santos.
O favorito a assumir a chefia da delegacia santista é o delegado José Roberto Sagrado Da Hora. Servidores de órgãos envolvidos nas investigações no porto de Santos protestaram, alegando que a indicação de Da Hora agradaria a políticos ligados ao presidente Michel Temer. A nomeação, então, não aconteceu. O procurador-geral da República em São Paulo, Thiago Lacerda Nobre, demonstrou preocupação com a mudança.  "A atual chefia realiza um trabalho sério, primoroso e não conhecemos as razões para que esse brilhante trabalho seja interrompido."