Em um recado aos deputados aliados que resistem no apoio à reforma da Previdência, o presidente Michel Temer afirmou, hoje, que “quem é governo, tem que ser governo”.
Ao discursar a parlamentares e ministros durante a solenidade no Palácio do Planalto de sanção de um projeto que trata da exploração de recursos minerais, Temer aproveitou para pedir mais uma vez apoio à reforma, e defendeu que a base aliada vote com o governo nas matérias de interesse do Palácio do Planalto.
"Quero ressaltar que no governo é assim: quem é governo, tem que ser governo, não é verdade? Não dá para ser governo num episódio, para vir aqui naturalmente conversar com o presidente, e ser contra o governo em outros episódios, particularmente, se me permitem, ser contra o governo numa matéria que diz respeito aos interesses do país e, particularmente, aqueles menos privilegiados", afirmou o presidente.
Temer discursou em tom de recado e falou aos deputados presentes sobre a sanção da medida provisória, aprovada pelo Congresso Nacional, que altera as alíquotas da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM).
O presidente disse que houve oposição das mineradoras às mudanças, mas que, mesmo assim, iria sancionar o texto.
“Vou sancionar, mas é evidente que isso passou por situações e oposições. As mineradoras estiveram todas aqui para tentar evitar que chegássemos ao dia de hoje", afirmou.
O governo tem encontrado dificuldade para garantir o mínimo de 308, dentre os 513 deputados, para aprovar a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados.
A intenção de Temer era votar a proposta de emenda à Constituição (PEC) nesta semana, porém, sem a certeza da vitória, a análise do texto em plenário ficou para fevereiro, depois do recesso de deputados e senadores.
No discurso, Temer apontou comportamento dúbio entre parlamentares.
"O que eu tenho observado, meus amigos, é uma coisa curiosa: num dado momento, quando é em favor dos municípios, dos estados ou de outros interesses, [alguns dizem] 'nós somos governo'. Quando é uma coisa de interesse de todo o país, [alguns dizem] 'eu não sou governo, eu voto contra'", completou o presidente.
Durante o discurso, Temer lembrou que governa com apoio do Legislativo, mas frisou que é preciso “aprovas as teses fundamentais” para o futuro do país. Ao tentar amenizar a fala, ponderou que os presentes na solenidade “votam a favor” da reforma.
O presidente voltou a afirmar que a proposta de seu governo ataca os privilégios do sistema previdenciário. Ele ainda repetiu a fala de que não aprovar as mudanças terá impacto negativo na retomada da economia. “Será uma digamos assim coisa quase desastrosa”, declarou.