Juiz não deveria agir como ombudsman do Supremo
Blog do Kennedy
Numa
democracia, é direito de todos emitir a sua opinião. No entanto, o juiz
Sergio Moro abre a guarda para que seja questionada a sua
imparcialidade quando faz “pedidos” ao presidente Michel Temer e ao
ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
Em
evento ontem em São Paulo no qual era um dos homenageados, Moro
solicitou a Temer que usasse sua influência para evitar que o Supremo
Tribunal Federal mude o entendimento a respeito da prisão de condenados
na segunda instância da Justiça. Só faltou dizer: “Fale com Gilmar
Mendes e Dias Toffoli a respeito disso”.
Não
faz sentido um juiz de primeira instância se comportar como ombudsman
do STF. É o Supremo Tribunal Federal que toma decisões que guiam os
julgamentos de outros magistrados.
O
juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba também pediu ao ministro da
Fazenda que fosse mais generoso ao tratar do orçamento da Polícia
Federal. Moro ainda criticou o loteamento de cargos na administração
pública e recomendou o fim do foro privilegiado, inclusive para ele.
Ora,
faltou opinar sobre os supersalários da cúpula dos servidores, o
desrespeito ao teto constitucional, a farra do auxílio-moradia para
magistrados e integrantes do Ministério Público e o regime de
Previdência camarada das altas castas do funcionalismo.
Se
quer agir assim, melhor entrar para a política ou virar comentarista em
veículo de comunicação. É um erro um magistrado ter esse tipo de
atuação. Trata-se de uma ação indevida para quem ocupa a posição de
Moro.