Folha de S.Paulo – Gustavo Uribe
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Sob pressão para deixar o cargo, a ministra Direitos
 Humanos, Luislinda Valois, filiada ao PSDB, solicitou em outubro ao 
presidente Michel Temer o pagamento pelos cofres públicos de pelo menos 
R$ 300 mil. O
 valor retroativo seria a soma da quantia que foi abatida pelo teto 
constitucional do acumulado do vencimento integral recebido pela tucana 
com a aposentadoria de desembargadora pela Bahia.
Segundo a íntegra do pedido, obtida nesta segunda-feira (11) pela Folha por
 meio da Lei de Acesso à Informação, a ministra alegava o trabalho 
executado sem a correspondente contrapartida "se assemelha a trabalho escravo.
"[A
 situação] está criando distorções inaceitáveis pelo nosso ordenamento 
jurídico, porque está a requerente [ministra] a receber tratamento 
absolutamente desigual ao oferecido a outros servidores em situação 
semelhante em termos de execução de serviço prestado à administração 
pública", disse.
O
 montante requerido pela ministra se refere aos recursos que foram 
abatidos de julho de 2016 a fevereiro de 2017, quando ela exerceu o 
cargo de secretária de promoção da igualdade racial, e de fevereiro a 
outubro deste ano, quando já era ministra.
A
 aposentadoria bruta da ministra é de R$ 30.471,10 e o teto 
constitucional é de R$ 33.700, o que equivale ao salário bruto dos 
ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). No
 período em que foi secretária, portanto, com um vencimento de bruto de 
R$ 15,8 mil, ela sofria um abate teto mensal de R$ 12,6 mil, o que 
corresponde a um montante no período de R$ 88,2 mil.
Como ministra, o salário bruto dela é de R$ 30,9 mil. Com um abate mensal de R$ 27,6 mil, ela receberia pelo período R$ 221 mil.
A
 soma dos dois montantes chega a mais de R$ 300 mil, sem incluir "as 
devidas atualizações e correções", que são também requeridas pela 
ministra.
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