Foto: Reprodução / PF
Preso em 2015, o ex-presidente do grupo Odebrecht, Marcelon
Odebrecht, deixará o cárcere no próximo dia 19, dois anos e meio após
ser detido pela Polícia Federal. Segundo informações do jornal Folha de
S. Paulo, o clima na companhia é de preocupação e não há ambiente para
festejar sua saída. Pessoas com acesso ao empresário na prisão relatam
que ele está insatisfeito com o acordo de colaboração premiada, que
considera injusto, principalmente sobre sua participação no pagamento de
propina. O receio é de que ele aponte omissões e imprecisões, o que vem
sido frequentemente discutido por ele com quem o visita na sede da
Polícia Federal em Curitiba (PR). No período em que foi preso, ele
cortou relações com o diretor jurídico do grupo, Adriano Maia; com a
irmã, Mônica; com o cunhado, Maurício Ferro, que também é diretor no
grupo; e com a mãe, com quem era muito próximo. Ele já era brigado com o
pai, Emílio Odebrecht, presidente do grupo, desde 2015, mas após a
delação, a distância aumentou – o filho avalia que o acordo, envolvendo
77 executivos, foi planejado por Emílio para salvar os negócios da
falência. Marcelo diz ter sido injustiçado em três âmbitos nos quais é
réu: a ação referente ao sítio de Atibaia cuja propriedade é atribuída
ao ex-presidente Lula; processos envolvendo a Petrobras; e outro que tem
como foco o empresário Taiguara Rodrigues, sobrinho da primeira mulher
de Lula. No primeiro, por exemplo, ele afirma que jamais se envolveu com
questões relacionadas ao sítio e que foi seu pai quem decidiu por
intervir na propriedade. Quem cuidava dos pagamentos, de acordo com o
empresário, era Alexandrino Alencar, executivo da construtora. Nos
processos da Petrobras, Marcelo diz que essas transações não eram
geridas por ele, o que foi confirmado por dois diretores da Odebrecht
que cuidavam desses contratos: Marcio Faria e Rogério Araújo. Na ação de
Taiguara, executivos da Odebrecht em Angola informaram à Justiça que
Marcelo não teve participação no esquema. Marcelo cita também que
executivos da Odebrecht Ambiental omitiram fatos no acordo.