Foto: José Cruz/ Agência Brasil
Em encontro com artistas e intelectuais no Rio de Janeiro, como
parte da sua caravana pelo Brasil, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva adotou um tom conciliador em seu discurso, ao defender uma postura
pragmática e um diálogo com a oposição em um possível retorno ao
governo. O petista lembrou que, para governar, é preciso ter o apoio de
pelo menos 42 votos no Senado e 257 na Câmara, números que correspondem à
maioria simples nas duas casas, e disse que é improvável ter uma base
desse tamanho só com partidos de esquerda. "Não se consegue somar esses
números com quem perdeu a eleição, porque suplente não vota, só vota
quem ganhou. Percebe a dificuldade? E se quem ganhou não é nosso a gente
tem que conversar. Aí você pode fazer acordos pontuais, pode fazer
acordo programático, é possível fazer. Só é preciso saber se o outro
lado quer", disse Lula. "Na política a gente cede quando é necessário e
avança quando é possível", afirmou também. Além disso, Lula declarou
que não será o candidato do mercado financeiro em 2018, mas que fará o
mercado se adaptar à produção e ao crescimento econômico baseado no
investimento produtivo. Disse ainda que, na campanha, vai falar menos em
distribuição de renda e mais em distribuição de riqueza. "A renda está
no salário, mas a riqueza está na terra, na casa, na educação", disse o
ex-presidente. Com isso, o petista afirmou que espera encontrar o "ponto
G" da metade do brasileiro durante a campanha. "Vamos fazer uma coisa
diferente, mais moderna, mais tchan", disse. Lula também declarou que
acredita que a solução para a economia do Brasil está no estímulo ao
mercado interno e à produção nacional. Segundo ele, crescer por meio do
mercado interno "é mais fácil" do que aumentar as exportações. "Se o
povo tiver um pouquinho de dinheiro, o que você produzir vai vender",
disse, acrescentando que também é possível "criar alguma dificuldade na
entrada de determinados produtos".