Foto: CMS / EB
O Exército pedirá ao ministro da Defesa, Raul Jungmann, a
destituição do general Antonio Hamilton Mourão do cargo de secretário de
Economia e Finanças do Comando do Exército depois que ele afirmou que o
presidente Michel Temer faz do governo um "balcão de negócios" para se
manter no poder. Mourão vai ficar sem função à espera do tempo de ir
para reserva, em março de 2018. Para o lugar dele, o comandante do
Exército, Eduardo Villas Bôas, indicou o general Luiz Eduardo Ramos
Baptista Pereira. Em palestra a convite do grupo Terrorismo Nunca Mais
(Ternuma), no Clube do Exército, em Brasília, na quinta-feira, o general
Mourão elogiou a pré-candidatura presidencial do deputado e capitão da
reserva do Exército Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Também voltou a fazer uma
defesa da intervenção militar como solução para a crise política no
Brasil. "Não há dúvida que atualmente nós estamos vivendo a famosa
Sarneyzação (em referência ao ex-presidente José Sarney). O nosso atual
presidente vai aos trancos e barrancos buscando se equilibrar e mediante
o balcão de negócios chegar ao final de seu mandato", disse o
general. Em setembro, Mourão falou três vezes na intervenção militar
enquanto proferia uma palestra na Loja Maçônica Grande Oriente, também
em Brasília: "Ou as instituições solucionam o problema político, pela
ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos
em todos os ilícitos, ou então nós teremos que impor isso". Apesar da
repercussão negativa, o ministro da Defesa e o comandante do Exército
acertaram que não haveria punição ao oficial. No governo Dilma Rousseff,
ele fez críticas à então presidente e perdeu o comando direto sobre
tropas do Sul, passando a ocupar o cargo atual de secretário de Economia
e Finanças do Comando do Exército, de ordem administrativa. O militar
foi questionado sobre o que o alto generalato pensavam sobre a
pré-candidatura do deputado Bolsonaro. Mourão respondeu em sinal de
apoio ao parlamentar, que saiu em sua defesa quando ele proferiu a
palestra em setembro e escapou de punição. "O deputado Bolsonaro jáé um
homem testado, é um político com 30 anos de estrada, conhece a política.
E é um homem que não tem telhado de vidro, não esteve metido aí nessas
falcatruas e confusões. Agora, é uma realidade, já conversamos a esse
respeito, ele tem uma posição muito boa nessas primeiras pesquisas que
estão sendo feitas, ele terá que se cercar de uma equipe competente, ele
terá que atacar esses problemas todos, não pode fazer as coisas de
orelhada, e obviamente, nós seus companheiros dentro das Forças olharmos
com muito bons olhos a candidatura", declarou.