Blog do Camarotti
"Seria injusto tirar Pereira e Kassab mantendo outros ministros também citados"
Depois
de alerta de aliados, o presidente Michel Temer decidiu poupar em
definitivo ministros na mira da Lava Jato da mudança no primeiro
escalão. A iniciativa vai preservar diretamente os ministros Marcos
Pereira (Indústria e Comércio), do PRB, e Gilberto Kassab (Ciência,
Tecnologia e Comunicações), do PSD.
Houve
forte mobilização na base aliada sobre a delicada situação de Kassab e
Pereira, que, sem foro especial, passariam a ter seus casos analisados
pela primeira instância da Justiça Federal. Os dois foram citados nas
delações da Odebrecht e da JBS.
Esse
fato também pesou na avaliação de Temer de reduzir o tamanho da reforma
ministerial neste momento, para evitar atritos com a base aliada num
momento em que o governo tenta conseguir votos para aprovar a reforma da
Previdência. Com isso, a mudança deve ficar muito restrita,
contemplando apenas algumas pastas, como o Ministério das Cidades e a
Secretaria de Governo – feudos tucanos.
Ao Blog,
interlocutores de Temer advertiram que seria injusto tirar Pereira e
Kassab com o argumento de que vão disputar eleições no próximo ano,
mantendo outros ministros também citados em delações, como Moreira
Franco (Secretaria da Presidência), Eliseu Padilha (Casa Civil) e
Aloysio Nunes (Relações Exteriores).
“Seria
muito ruim para Temer fazer esse gesto de entregar Kassab e Marcos
Pereira. Isso teria repercussão negativa na base. Além disso, iria
refletir na imagem do próprio governo, pois os dois ficariam
fragilizados na primeira instância [da Justiça]”, disse ao Blog um ministro próximo de Temer.
Ex-prefeito
de São Paulo e presidente licenciado do PSD, Gilberto Kassab é alvo de
cinco inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF): dois deles
investigam denúncias contra Kassab apresentadas por delatores da
Odebrecht e outros três são da época em que ele era prefeito da capital
paulista.
O
ministro Marcos Pereira também foi citado nas delações de executivos do
grupo J&F, dono do frigorífico JBS. O empresário Joesley Batista
entregou ao Ministério Público uma gravação na qual cita a palavra saldo
e indica que ele e o ministro estão tratando de repasse de propina.