O
presidente Michel Temer avalia realocar o atual titular da Secretaria
de Governo, Antonio Imbassahy (PSDB-BA), para o Ministério da
Transparência e Controladoria-Geral da União, segundo fontes envolvidas
na negociação da reforma ministerial. Com o provável desembarque do PSDB
do governo, o tucano é alvo de pressão do PMDB e de partidos do
Centrão, principalmente o PP, para que seja retirado da articulação
política do governo.
O cargo de ministro da Transparência está vago desde maio deste ano,
quando o então titular da pasta, Torquato Jardim, saiu para assumir o
Ministério da Justiça. Desde então, o posto é ocupado interinamente pelo
secretário-executivo da pasta, Wagner Rosário. O órgão tem, entre suas
principais responsabilidades, comandar os acordos de leniência, espécie
de delação premiada para empresas privadas.
Inicialmente, aliados de Imbassahy queriam que ele fosse realocado
para o Ministério do Turismo. O argumento era o de que o atual titular
da pasta, o deputado licenciado Marx Beltrão (AL), deve deixar o PMDB e
se filiar ao PSD para disputar eleição ao Senado em 2018. A articulação,
porém, enfrentou forte resistência do PMDB da Câmara. A bancada
argumenta que, mesmo deixando a sigla, Beltrão continua tendo apoio dos
deputados.
Temer já conversou com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
sobre a saída de Imbassahy. No fim do ano passado, Maia negociou com o
senador Aécio Neves (MG), presidente licenciado do PSDB, a nomeação de
Imbassahy para a Secretaria de Governo em troca do apoio dos tucanos
para sua reeleição ao comando da Casa. O deputado do DEM já teria se
convencido da necessidade de trocar o comando da articulação política.
O substituto de Imbassahy na Secretaria de Governo deve ser um nome
do PMDB, mas que será escolhido diretamente por Temer, de acordo com
fontes envolvidas na negociação da reforma ministerial que o presidente
está articulando. Peemedebistas nunca aceitaram o fato de Temer ter
nomeado um tucano para substituir Geddel Vieira Lima, que está preso no
âmbito da Operação Lava Jato, na articulação política.
Um dos cotados para substituir Imbassahy é o advogado piauiense João
Henrique de Almeida Souza, atual presidente do Conselho Nacional do
Sesi. Ex-ministro de Transportes do governo Fernando Henrique Cardoso
(PSDB), Henrique é membro da executiva nacional do PMDB e
secretário-executivo da Fundação Ulysses Guimarães, braço teórico do
partido.
Temer decidiu antecipar a reforma ministerial após Bruno Araújo
(PSDB-PE) pedir demissão do Ministério das Cidades. O tucano pediu para
sair do cargo, alegando que não tinha mais apoio interno em seu partido
para continuar no governo. Inicialmente, o presidente queria fazer uma
reforma ampla, obrigando todos ministros que serão candidatos em 2018 a
já entregarem os cargos em dezembro. Após resistência da base aliada,
contudo, deve fazer uma reforma pontual.