A ideia é construir uma 
ampla frente de centro-direita para enfrentar a batalha pela aprovação 
de pautas econômicas e mantê-la unida até outubro
Alberto Bombig e Ricardo Galhardo, do Estadão Conteúdo
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O presidente Michel Temer começa a desenhar a estratégia para seu último ano de governo e para as eleições de 2018.
 A ideia é construir uma ampla frente de centro-direita para enfrentar a
 batalha pela aprovação da reforma da Previdência e de outras pautas 
econômicas e mantê-la unida até a disputa eleitoral de outubro.
Com
 mais da metade do tempo de TV, esta frente incluiria PMDB, PSDB, DEM, 
PR, PRB, PP e PSD e seria capaz de fazer a defesa do legado de Temer 
além de se contrapor e até isolar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da 
Silva, líder nas pesquisas.
Segundo
 auxiliares de Temer, caso a estratégia prospere o nome será escolhido 
no ano que vem. Os preferidos do presidente são o ministro da Fazenda, 
Henrique Meirelles (PSD), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
 e o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB). O governador de São 
Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), pode ser o escolhido, mas precisa se 
reaproximar do PMDB e de Temer. A candidatura do próprio presidente não 
está descartada, apesar dos apenas 3% de aprovação nas pesquisas. Ele 
próprio se coloca como o “último da fila”.
Quem
 vier a ser o escolhido terá de defender a gestão Temer, iniciada em 
2016, após o impeachment de Dilma Rousseff. O Planalto avalia hoje que 
os índices econômicos estarão mais favoráveis no próximo ano e que o 
governo terá um capital eleitoral positivo.
A
 tarefa de Temer é de difícil execução e consiste em, antes de mais 
nada, aprovar uma pauta econômica no Congresso que permita acelerar a 
geração de empregos. Com o vento a favor e a caneta nas mãos, o 
presidente espera reduzir a influência da ala do PSDB que defende o 
desembarque do governo e manter a coesão da frente até as eleições.
A
 estratégia do Planalto se divide em três frentes que se complementam. 
No front político, Temer faz questão de deixar a discussão de nomes em 
aberto. Aliados comparam a ação do presidente com a política “de raiz” 
praticada pelo velho PSD de Juscelino Kubitschek, que teve ministros em 
todos governos entre 1945 e 1965, e citam despistes e salamaleques 
feitos pelas raposas do PMDB como exemplo da habilidade do presidente e 
seus homens de confiança.
Escolha
Pelo
 roteiro traçado pelo presidente, a escolha do nome seria entre abril e 
junho do ano que vem. Auxiliares de Temer apostam que, se as estratégias
 no Congresso e na economia funcionarem, a manutenção da aliança será 
natural. Com os sete principais partidos o candidato do governo teria 
mais de 6 minutos dos 12,5 minutos de cada bloco do horário eleitoral. 
Já Lula, isolado, teria apenas 1,5 minuto do PT.
Temer
 quer aprovar no Congresso Nacional as emendas constitucionais da 
reforma da Previdência e a simplificação tributária, além das medidas 
provisórias que criam o novo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), 
alteram as normas para exploração mineral e adiam o aumento de 
contribuição previdenciária do funcionalismo.
Além
 disso, o governo deve agilizar as votações de projetos de lei que 
agradam a setores importantes do Congresso como os que reduzem a multa 
sobre o FGTS, permitem a participação de estrangeiros em empresas 
aéreas, modernizam as regras para o setor de telecomunicações, autorizam
 a venda de terras para estrangeiros, agilizam os procedimentos de 
licenciamento ambiental e alteram as agências reguladoras.
Outro front é o econômico
Na
 pauta do governo estão os leilões para exploração de petróleo e gás e 
distribuição de energia elétrica e o acompanhamento da implementação das
 novas leis trabalhistas. Em conversas com Temer, empresários garantiram
 que com estas medidas a criação de empregos vai acelerar em 2018.
O
 dono da Riachuelo, Flávio Rocha, falou na criação de 4 mil postos 
intermitentes e 8 mil temporários e representantes da Associação 
Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) estimaram 100 mil 
novas vagas no setor.
Os
 empregos, no entanto, estão condicionados às pautas no Congresso, 
especialmente à reforma da Previdência. “Ou a reforma vem ou a crise 
volta”, disse o economista Marcos Lisboa, do Insper, a Temer na semana 
passada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
