Sem Huck e Bolsonaro em alta, movem-se camadas tectônicas da sucessão
Helena Chagas – Blog Os Divergentes
A
candidatura Luciano Huck era um balão, mas sua desistência está
movimentando candidatos e movendo camadas tectônicas na sucessão de
2018. Geraldo Alckmin tratou de selar as desistências de Tasso
Jereissati e Marcone Perillo para assumir a presidência do PSDB,
com controle total do partido, antes que João Dória se anime a voltar ao
palco presidencial. No circuito PMDB-Planalto, aumenta o temor em
relação ao crescimento de Jair Bolsonaro, cuja candidatura andava sendo
desdenhada mas agora assusta.
Por
quê? No entorno de Michel Temer, os números de Bolsonaro nas pesquisas
estão sendo examinados e reexaminados. Impressionou o último
levantamento do Paraná Pesquisas na Bahia, que obviamente deu vasta
dianteira para Lula (48,9%), mas situou Bolsonaro em segundo lugar com
12,9, superando Marina Silva (8,8%), o nordestino Ciro Gomes (6,2%),
Geraldo Alckmin (4,4%) e Álvaro Dias (2,3%).
Circula
também no Planalto o levantamento de novembro do Site Poder360, que dá
um empate entre Lula (26%) e Bolsonaro (25%), que se comparado às
ultimas pesquisas Ibope e Datafolha de outubro aponta crescimento do
deputado.
Com
base nesses números, e nos dados de eleições internacionais recentes em
que houve crescimento da direita, muita gente em Brasília está achando
que é hora de levar a possibilidade Jair Bolsonaro mais a sério. Só para
ficar no passado recente, lembram que uma das maiores surpresas do
primeiro turno da eleição chilena foi o desempenho da extrema-direita,
cujo candidato, José Antonio Kast, teve pela primeira vez 7,9% dos
votos. Na Alemanha, a extrema-direita conseguiu entrar para o
parlamento, com 12,9% do eleitorado. Sem falar na França, onde o
presidente Macron disputou o segundo turno com Marine Le Pen, da Frente
Nacional.
Com
tudo isso acontecendo no mundo, será que podemos nos dar ao luxo de não
levar a candidatura Bolsonaro a sério? É o que se perguntam os
estrategistas do PMDB. Tem lá sua razão. Mas não se pode desconhecer o
fato de que, a esta altura do campeonato, com Huck fora, e Dória rifado
no PSDB, o discurso do perigo da polarização direita X esquerda ajuda
muito nas articulações para reunião das forças da centro-direita do PMDB
e sua base em torno de um único candidato…