Jornal do Brasil
Qual
o comando mais criminoso do Rio de Janeiro? O comando que frequentou a
Alerj? O que comandou o governo durante oito anos? O do Tribunal de
Contas? Ou o Comando Vermelho?
Nos
três comandos, as cores azul e branco - da nossa querida bandeira - são
ensanguentadas com o desemprego, a falta de salário dos trabalhadores,
os hospitais que, por incrível que pareça, matam, não pelas mãos de seus
grandes médicos e funcionários, mas pelas mãos do poder, que não lhes
permite salvar vidas por tanto que roubou. Esfacelaram os cofres
públicos e mataram os desgraçados que, sem outra alternativa de
sobrevida, buscavam os hospitais que esses bandidos, pela autoridade que
tinham e por terem roubado o que roubaram, não permitiam que
funcionassem.
Nossa
bandeira está ensanguentada também pelos alunos que não puderam
estudar. Hoje se lê que nasceram menos crianças esse ano em função da
epidemia de Zika. O que não se escreve é que, durante dez ou 15 anos,
faltarão fluminenses formados em quantidade - talvez centenas de
milhares - porque esses comandos são os responsáveis pelos professores
sem salário, pelas balas perdidas que fecharam colégios e pela greve dos
que eram obrigados a parar suas atividades porque não tinham como pagar
suas despesas de casa.
Qual o comando mais criminoso do Rio? Ainda pode haver dúvidas?
E
o que faz um povo diante de tudo isso? Assiste resignado, sofrido,
sendo obrigado ainda a ver e a ouvir, toda hora, que ninguém admite
propina. Quando se discute propina, quando há denúncia, o que se tem que
admitir é que houve propina. Só se envolve em propina quem está no meio
dela. Não existe diálogo entre alemão e chinês, que não falam a mesma
língua. Não se ouve pobre dizer que estava envolvido em propina, que deu
ou recebeu propina. Mas no Brasil, o pobre é imediatamente xingado de
ladrão quando envolvido em algum caso, mesmo quando, muitas vezes, não
tem culpa.
Diante
de tanta desilusão que o povo vive, o que será que o povo da propina
espera, tanto os que pagam quanto os que recebem? Com deve reagir o
pobre que não dá e nem recebe propina? E como deve reagir a maioria
esmagadora do povo, que não dá e nem recebe propina, mas sofre por causa
daqueles que defendem e impedem a prisão dos propineiros?
O
Brasil discute as eleições de 2018. Com certeza já se sabe qual será o
tipo da campanha: os candidatos serão aqueles que sempre representam os
grupos envolvidos em propina - quase todos - e o grupo dos que nunca se
ouviu falar que estiveram envolvidos em propina, o grupo do povo. Será
difícil saber qual que vai ganhar? É só ver o lado mais forte, não o
mais forte do dinheiro, mas por ter sofrido sempre pelas propinas que os
grandes ganhavam. E aí os estudiosos, os sociólogos, os cientistas
políticos, preocupados com aquilo que já têm certeza, começarão a
formular o informulável. Mas contra o povo, não há formulação que vença a
resistência.