Expulsa
do PMDB na semana passada por decisão do Conselho de Ética do partido, a
senadora Kátia Abreu (sem partido-TO) subiu, hoje, à tribuna do Senado
para criticar duramente a atual direção peemedebista, em especial o
presidente da legenda, senador Romero Jucá (PMDB-RR). Diante dos olhares
dso colegas do parlamento, Kátia Abreu chamou Jucá de "canalha, crápula
e ladrão de vidas" ao longo do discurso de cerca de dez minutos.
A assessoria de Jucá disse, após o discurso de Kátia Abreu, que o que
o PMDB tem a falar já foi dito pelo Conselho de Ética do partido.
Na última quinta, o Conselho de Ética do PMDB decidiu, por
unanimidade, expulsar a senadora do Tocantins do partido e cancelar a
filiação partidária dela.
As acusações contra o presidente do PMDB surgiram quando o senador
João Alberto (PMDB-MA), que presidia a sessão do Senado no início da
tarde, informou que o tempo da senadora havia se esgotado e não havia
espaços para apartes de colegas que queriam prestar solidariedade a
Kátia Abreu.
“Eu tenho certeza de que, se fosse aqui Romero Jucá, esse canalha,
esse crápula do Brasil, esse ladrão de vidas e almas alheias, o senhor
[João Alberto] teria sido mais condescendente [em relação ao tempo]”,
disparou a senadora.
Ao final da fala da senadora, João Alberto lamentou as críticas dela
contra a interrupção do pronunciamento e disse que estava seguindo o
regimento do Senado.
Antes de o tempo do discurso terminar, Kátia Abreu afirmou que a
cúpula do PMDB vai fazer com que o partido “se transforme não só em
bandido, mas se transforme em maldito diante dos olhos da sociedade”.
Em outro momento do discurso, a senadora disse que estava se
dirigindo aos filhos e falou que vai colocar o documento com a sua
expulsão em uma moldura.
“Das mãos de onde veio [a expulsão] é um atestado de boa conduta para
o meu currículo. Essas pessoas que me expulsaram não servem ao país,
eles se servem do país em seus benefícios próprios”, declarou Kátia
Abreu.
A senadora disse também que a cúpula do PMDB não tem condições morais
e virou um “escárnio da nação”. Ela também criticou o comando do
partido no estado do Tocantins. “A mesma cúpula da legenda que hoje me
expulsa envergonha os tocantinenses também com prática de corrupção”,
enfatizou.
“Por que me expulsaram? Por que tenho princípios? Por que tenho
ética? Por que tenho coerência? Por que não sou oportunista? Por que não
faço parte de quadrilha? Por que não faço parte de conluio? Por que não
estou presa? Por que não uso tornozeleira? Por que não tenho
apartamento cheio de dinheiro? Ou por que não apareceu nenhuma mala com
dinheiro da senadora Kátia Abreu? Será que é por esses motivos que fui
expulsa?”, indagou a parlamentar.
Peemedebistas, como o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e o
ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima (BA) seguem
filiados à legenda, mesmo após terem sido presos por suspeitas de
corrupção.
“A minha expulsão foi determinada por uma figura conhecida do Brasil e
dos brasileiros, conhecida desde os letrados aos iletrados, conhecida
desde os mais simples aos mais abastados, conhecida esta figura por ser
uma pessoa nociva à vida pública brasileira e ave de rapina da coisa
pública”, acrescentou a parlamentar.