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Procuradoria da República no Rio Grande do Norte pediu, ontem, novo
pedido de prisão contra o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN), no âmbito da Operação Manus. Em representação à 14ª Vara
Federal do Rio Grande do Norte, procuradores mencionam tratativas entre a
filha, a mulher e o tio do peemedebista, senador Garibaldi Alves
(PMDB), com o ex-presidente José Sarney (PMDB), pela suposta
interferência no Judiciário em favor de Henrique Alves.
Henrique Eduardo Alves já está preso desde o dia 6 de junho, alvo de
dois mandados de prisão. Um deles relacionado às Operações Sépsis e Cui
Bono, em Brasília, que apuram irregularidades na Caixa Econômica
Federal; e outro à Operação Manus, no Rio Grande do Norte, que investiga
desvios de R$ 77 milhões na construção da Arena das Dunas.
O Ministério Público Federal quer um terceiro decreto de prisão
contra o peemedebista. A peça, assinada pelos procuradores Fernando
Rocha e Rodrigo Telles, diz que Henrique Eduardo Lyra Alves, acionando o
ex-Presidente, procurou obter sua soltura mediante interferência e
influência política perante o Poder Judiciário.
“O ex-Presidente da República José Sarney é um dos principais nomes
do Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB, mesma agremiação
partidária de Henrique Eduardo Lyra Alves, tendo significativo poder de
influência inclusive sobre o atual Presidente da República, Michel
Temer, sendo todos eles correligionários. José Sarney, de acordo com
matérias divulgadas na imprensa (cópias anexas), canalizou a
insatisfação de vários membros do partido (alguns deles presos) com os
rumos da “Operação Lava Jato” e obteve, perante a Presidência da
República, até mesmo, a troca do Diretor-Geral da Polícia Federal”,
destacam.
Segundo narra a procuradoria, ’em agosto de 2017, a filha do
ex-parlamentar, Andressa Azambuja Alves Steinmann manteve diálogo com
seu marido, o qual foi captado em interceptação telefônica, em que ela
já destacava que, para obter a soltura de seu pai, seria necessária a
atuação “nos bastidores”’.
Os procuradores ainda afirmam que,dois meses depois, a filha e a
mulher de Henrique Alves, Laurita Silveira Dias de Arruda Câmara, ‘por
intermédio do Senador Garibaldi Alves Filho, tio do ex-parlamentar,
procuraram o ex-Presidente da República José Sarney, a fim de que esse
último, mediante o uso de sua influência política, intercedesse junto a
tribunais para obter a soltura de Henrique Eduardo Lyra Alves’.
Andressa, de acordo com os procuradores, ‘foi a uma reunião com José
Sarney, na residência dele em Brasília/DF, para tratar do assunto, tendo
sido os contatos acompanhados pela Polícia Federal’. “Vários diálogos
captados em interceptação telefônica evidenciam a marcação e a
realização do encontro com José Sarney (tratado como “Presidente”), ao
passo que outros demonstram que Henrique Eduardo Lyra Alves, ao ser
informado sobre o resultado da reunião, teria ficado “animado” e
“otimista”, confiando na iminência da revogação de suas prisões
preventivas”.