FHC:
“Derrotei Lula duas vezes […]. Por que ganhei? Porque Lula e seu
partido se isolaram no que imaginavam ser a classe trabalhadora, com
seus porta-vozes intelectuais. Quando Lula ganhou minha sucessão [em
2002] foi porque ele e seu partido, com a Carta aos Brasileiros e outras
ações mais, se aproximaram da classe média e saíram do gueto, alargando
sua base de apoio original.
Do Blog do Josias
Fernando
Henrique Cardoso, grão-mestre do tucanato, quer ver o seu partido longe
de Michel Temer. Em artigo veiculado neste domingo, FHC anotou que os
tucanos precisam “passar a limpo o passado recente”, aprofundar o
“mea-culpa”, pacificar suas “facções internas” e descer do muro para
encarar o seu dilema: Ou o PSDB desembarca do governo em dezembro ou se
cofundirá com o PMDB, tornando-se definitivamente um ator coadjuvante na
disputa presidencial de 2018, disse.
“É
hora de decidir e não se estiolar em não decisões”, anotou FHC na parte
final do artigo, veiculado no Globo e no Estadão. “É hora também de
juntar as facções internas e centrar fogo nos adversários externos.” Sem
renegar o apoio dado à gestão Temer após o impeachment de Dilma
Rousseff —“A transição política exigia repor em marcha o governo
federal…”—, FHC desce do muro para se juntar à parcela antigovernista do
ninho.
“Politicamente,
há um ponto crítico e alguma decisão deverá ser tomada: ou o PSDB
desembarca do governo na Convenção de dezembro próximo, e reafirma que
continuará votando pelas reformas, ou sua confusão com o peemedebismo
dominante o tornará coadjuvante na briga sucessória.”
FHC
talvez não tenha notado. Mas a posição subalterna do PSDB já é algo
consolidado. O partido escreve uma página melancólica de sua história.
Saiu da eleição presidencial de 2014 como maior força política da
oposição. Aécio Neves parecia fadado a virar presidente na sucessão
seguinte.
Hoje,
o PSDB não chega a ser nem coadjuvante. Perdeu o posto para os partidos
arcaicos do centrão. Virou figurante de um governo dominado pela banda
podre do PMDB, que se divide em duas alas: quem tem mandato está ao lado
do presidente. Quem já não dispõe de foro privilegiado está atrás das
grades.
Para
FHC, os grandes partidos brasileiros chegam à antessala da sucessão
presidencial arrastando suas bolas de ferro. Ele escreveu a certa
altura: “Não nos enganemos: por mais que as estruturas de poder
continuem ativas, as marcas do que aconteceu nos últimos anos serão
grilhões nos pés dos partidos e candidaturas.”
Acrescentou:
“Nem o PT se livrará dos muitos malfeitos que cometeu e das ilusões que
enterrou, nem o PMDB sacudirá a poeira de haver formado parte não só da
onda petista como de seus descaminhos, nem o PSDB deixará de pagar por
ter dado as mãos ao governo Temer e de tê-las chamuscado por
inquéritos.”
Leia a íntegra aqui: FHC defende que PSDB saia do governo Temer - Política - Política