Foto: Divulgação / Polícia Federal
O ex-diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, queria
reduzir o número de indicações políticas na instituição. Nas últimas
semanas ele se reuniu com diretores e superintendentes para tratar do
assunto. O primeiro dos encontros aconteceu pouco depois de o ministro
da Justiça, Torquato Jardim, ter anunciado que não faria nenhuma troca
no comando da PF - declaração dada em 16 de setembro. De acordo com a
Folha, desde então Daiello contou a colegas do órgão que o ministro
Eliseu Padilha (Casa Civil) pressionava o presidente Michel Temer para a
troca do comando, algo que teria ficado mais frequente após a
descoberta do bunker de R$ 51 milhões atribuído a Geddel Vieira Lima. A
indicação do ministro era Fernando Segóvia, que foi nomeado na última
quarta-feira (8). Segundo a Folha, o tema de mudança no formato de
escola de diretor-geral foi retomado por Daiello por causa da possível
nomeação de Segóvia, considerada uma ameaça. Ainda que não citasse o
nome do colega, os interlocutores sabiam de quem se tratava por causa do
modo como a articulação estava sendo feita no mais alto escalão do
governo, por investigados na Lava Jato. Atualmente não há critério para a
escolha do comando da PF, nem regra para tempo de permanência no cargo.
A opção de lista tríplice, algo criticado por Daiello por enxergar
politização do processo. Uma sugestão, por outro lado, seria a de que a
nomeação devesse respeitar os quadros da instituição, tendo como opções
os superintendentes e os integrantes da cúpula. Chegou-se também a
debater um mandato para superintendentes regionais, mas não havia ideia
fechada do que Daiello defenderia. Para que qualquer mudança
acontecesse, seria necessário que um projeto de lei passasse pelo
Congresso.