Foto: Reprodução / Fórum
O ex-advogado da Odebrecht, Rodrigo Tacla Durán, mostra no livro
'Testemunho - O que sei sobre Odebrecht e a Operação Lava Jato' uma
prova de que negociou acordo de delação premiada com o amigo do juiz
Sergio Moro, o advogado Carlos Zucolotto Jr - padrinho de casamento do
magistrado. De acordo com a Carta Capital, Zucoloto conseguiu reduzir de
R$ 15 milhões para R$ 5 milhões a multa que a força-tarefa da Operação
Lava Jato queria de Durán em troca de uma delação. A redução teria sido
costurada à base de dinheiro, R$ 5 milhões. Uma das provas que Durán diz
ter, e consta no livro, é uma conversa tida por eles através do
aplicativo para celular Wicker, que destrói mensagens assim que elas são
lidas. Ele fotografou a conversa e a submeteu a uma perícia. No
diálogo, ambos conversam sobre uma estratégia de defesa, na qual
Zucolotto diz ter um contato que consegue entrar na negociação da pena e
promete insistir para que ele converta a prisão para domiciliar, além
de reduzir a multa. Em troca, Durán pagaria um terço dos honorários por
fora, para que o advogado possa "cuidar das pessoas que ajudaram". Outra
prova em posse de Durán seria um e-mail enviado à defesapor três
procuradores da força-tarefa - Carlos Fernando dos Santos Lima, Roberson
Pozzobon e Julio Noronha - com a minuta do acordo de delação, na qual
há pista sobre os R$ 5 milhões que seriam usados para azeitar oa cordo. A
multa de R$ 15 milhões seria paga com dinheiro de uma conta sem fundos.
A multa ficaria automaticamente reduzida a R$ 5 milhões. Durán diz
ainda que a delação da Odebrecht seria praticamente uma fraude,
construída dessa forma, com a cumplicidade da força-tarefa de Curitiba.
Segundo ele, a empreiteira revelou apenas uma das contas usadas para
pagar "por fora" João Santana e Mônica Moura, a Shellbill, porque eles
recebiam também pelas contas Deltora Enterprise Group, Zeal e Nicolas
Sawne Barake. De acordo com a Carta Capital, outra informação pela
metade seria o sistema eletrônico usado para pagamento de propinas. A
Odebrecht citou apenas o Drousys, mas preservou da força-tarefa o
sistema My Web Day, com informações até do suborno a juízes. Durán é
acusado de particiapr de esquemas de lavagem de dinheiro e pagamento de
propina. Sua prisão ocorreu em novembro de 2016, na 36ªfase da Lava
Jato. Comot em cidadania espanhola, já estava na Europa e foi capturado
pela Interpol. Ele saiu em janeiro deste ano e em julho conseguiu que a
Justiça da Espanha negasse sua extradição. Tacla Durán será ouvido na
CPI da JBS nesta quinta-feira (30).