Matias Spektor – Folha de S.Paulo
Luciano Huck tem até o fim do ano para decidir se entra na corrida pelo Planalto.
Quem torce por sua candidatura enxerga nas últimas pesquisas o
potencial para construir uma coalizão pluriclassista entre mercado
financeiro e classes C, D e E. Enxerga, ainda, um nome para arrancar
votos de Bolsonaro no Sul-Sudeste e de Lula (ou de seu indicado) no
Nordeste.
Nos
próximos dois meses, porém, a decisão de concorrer depende tanto de
Luciano quanto de Angélica, sua esposa. O motivo disso não se limita ao
impacto de uma campanha na vida da família ou ao fato de ela ter de
sacrificar seu espaço na televisão. Há algo mais importante em jogo.
Angélica
é um dos principais ativos políticos de uma eventual candidatura Huck.
Sua projeção independente junto ao eleitorado tem valor inestimável para
uma campanha que, apesar de ter dinheiro, pode terminar com pouco tempo
de propaganda oficial na televisão.
Além
disso, Angélica tem ideias próprias sobre assuntos-chave da agenda
pública e entende bem de comunicação para quem constitui o eleitorado.
Numa corrida na qual os costumes prometem estar no topo da lista de
preocupações do eleitor, esse conjunto de habilidades e competências faz
toda a diferença. A candidata a primeira-dama pode terminar assumindo
um papel próprio na batalha de ideias que será inevitável quando MBL,
bolsominions e coletivos de esquerda puserem seus respectivos bondes na
rua.
Mais
do que qualquer outra candidatura nesse ciclo eleitoral, esse projeto
político demandará trabalho em dobradinha por parte do casal.