Com ajuda de Imbassahy
Às vésperas da votação da sua segunda denúncia pela Câmara, Presidente tenta tranquilizar a sua já desgastada relação com Maia
Da Redação de Veja
Preocupado com mais uma rebelião na base aliada, o presidente Michel Temer (PMDB) escalou o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy (PSDB), para conversar com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
e conter a nova crise. Às vésperas da votação da segunda denúncia
contra Temer pela Câmara, o Planalto tenta de toda forma apaziguar a
desgastada relação com Maia.
Depois que a própria base boicotou a votação da medida provisória que regulamenta os acordos de leniência do Banco Central,
tirando Maia do sério, a saída política encontrada para desfazer o
mal-estar com o presidente da Câmara foi a confecção de um projeto de
lei. A proposta vai recuperar os principais pontos da MP e será
apresentada nos próximos dias pela Câmara, em regime de urgência,
jogando os holofotes sobre Maia.
A
intenção do governo é prestigiar o deputado, que nos últimos dias não
tem escondido a contrariedade com Temer. Na terça-feira, por exemplo,
Maia disse estar cansado da “falta de respeito” do Planalto e anunciou
que não mais aceitará medidas provisórias até que o Congresso analise a
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que regulamenta a tramitação de
matérias desse tipo.
A
escalada de tensão fez com que Temer enviasse Imbassahy para dialogar
com Maia, de quem o ministro é amigo. O governo também se comprometeu
com ele a reduzir o número de medidas provisórias.
Romaria
Mesmo
assim, descontentes com o Planalto, deputados aliados transformaram
nesta quarta-feira a residência oficial da presidência da Câmara em um
“muro de lamentações”. Com a segunda denúncia sendo analisada pela Casa,
diversos parlamentares têm procurado Maia para se queixar do governo.
Integrantes
de partidos do chamado Centrão, especialmente do PR, PP e PSD, dizem
que Temer não cumpriu todos os acordos feitos durante a tramitação da
primeira denúncia. Cobram a liberação de mais emendas e a saída do
tucano Imbassahy da articulação política. Para o Centrão, o PSDB não
pode ocupar quatro ministérios após ter rachado e demonstrado
infidelidade ao presidente na votação da primeira denúncia, em 2 de
agosto.
O PR, agora, começou a dar sinais mais evidentes de rebeldia. O partido trocou um dos seus integrantes na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Giovani Cherini (PR-RS) deixou a vaga, que passará a ser ocupada por Alexandre Valle (PR-RJ).
Embora
ambos sejam governistas, Valle integra o grupo de parlamentares mais
insatisfeitos com o governo. Na prática, a tendência é que a bancada do
PR comece a indicar dificuldades para o governo na CCJ. Uma das
estratégias é tentar obstruir o andamento dos trabalhos.
“Eu não acredito que haverá instabilidade”, afirmou o líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
Nos
bastidores, deputados do PMDB comentam que não há intenção de
desembarque de partidos da base, embora todos aproveitem o momento para
criar um “clima de caos” e apresentar uma fatura mais alta para a
permanência de Temer na Presidência.
(Com Estadão Conteúdo)