Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo
Foi
 golpe! Quem grita agora, veja só, é o presidente Michel Temer. Depois 
de declarar guerra à palavra martelada pelos petistas, o peemedebista 
resolveu reabilitá-la em causa própria. As cinco letras aparecem com 
destaque na defesa entregue à Câmara nesta quarta.
No
 documento, os advogados de Temer sustentam que o Ministério Público 
Federal tentou "dar um golpe e destituir o presidente da República". É 
assim que a defesa descreve a denúncia que acusa o presidente de 
praticar dois crimes: organização criminosa e obstrução da Justiça.
A peça recorre à tática de desqualificar o acusador. Autor da denúncia contra Temer, o procurador Rodrigo Janot é comparado a um "pistoleiro". Em outro trecho, a defesa afirma que o ex-chefe da Lava Jato foi "antiético, imoral, indecente e ilegal".
Para
 reforçar os ataques a Janot, os advogados reproduzem declarações do 
ex-deputado Eduardo Cunha, preso e condenado a 15 anos de prisão por 
corrupção e lavagem de dinheiro. Eles também citam frases do ministro 
Gilmar Mendes, conhecido frequentador do Palácio do Jaburu.
Além
 de sustentar que o procurador seria movido por uma "doentia obsessão", a
 defesa ataca jornalistas ao dizer que o presidente é vítima de um 
"torpe e infame tratamento dispensado por parte de uma imprensa 
irresponsável e leviana".
Os
 deputados que engavetaram a primeira denúncia contra Temer são 
descritos com palavras mais doces. Segundo os advogados, a Câmara "não é
 composta por bandoleiros, mas por homens e mulheres que se dedicam ao 
atendimento das necessidades da população brasileira".
Nesta
 semana, suas excelências voltaram a fazer fila no Palácio do Planalto. 
Só na terça-feira, Temer recebeu mais de 50 deputados. Eles pediram 
verbas, emendas e nomeações para votar a favor do governo. Um dos cargos
 mais cobiçados tem significado especial para os alvos da Lava Jato: a 
direção do Departamento Penitenciário Nacional. 
 
