O
ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou um
pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tirar do juiz
Sérgio Moro uma série de gravações de conversas telefônicas que ele teve
com autoridades, reveladas em março do ano passado.
A defesa do presidente queria impedir que Moro usasse as gravações em
investigações e processos contra Lula que tramitam na primeira
instância, sob o argumento de que também foram interceptados deputados,
senadores e outras agentes públicos com “foro privilegiado”, que só
podem ser investigados pelo STF.
Nas gravações, foram registradas conversas de Lula com o senador
Lindbergh Farias (PT-RJ), os deputados do PT José Guimarães (CE), Paulo
Teixeira (SP) e Wadih Damous (RJ), além do ministro do Tribunal de
Contas da União José Múcio Monteiro Filho.
No despacho em que negou seguimento à ação, Fachin explicou que essas
autoridades não são alvo das investigações sobre Lula e, por isso,
podem ser usadas por Moro.
“Não há indicação concreta de que os diálogos captados indiciem o
envolvimento criminoso de detentor de prerrogativa de foro [...] A mera
captação de diálogos envolvendo detentor de prerrogativa de foro não
permite, por si só, o reconhecimento de usurpação da competência da
Corte [STF]”, escreveu o ministro.
Em outra ação, Lula já havia obtido, no próprio STF, a invalidação,
como prova, de uma gravação que registrou uma conversa que manteve com a
ex-presidente Dilma Rousseff.
A Corte entendeu que a captação foi feita após o fim do prazo
determinado para a interceptação telefônica. As demais gravações, no
entanto, foram preservadas e, por isso, remetidas a Sérgio Moro.