Josias de Souza
Há
no Brasil mais de 220 mil presos provisórios. São brasileiros pobres
que mofam esquecidos nas cadeias à espera de um julgamento. Mas Brasília
vive um curto-circuito desde que a Primeira Turma do Supremo Tribunal
Federal proibiu Aécio Neves de sair de casa à noite. Num esforço para
desligar a crise da tomada, a presidente do Supremo, Cármen Lúcia,
prometeu ao presidente do Senado, Eunício Oliveira, que levará a
julgamento em 11 de outubro uma ação que sustenta que as sanções contra
parlamentares têm de ser aprovadas pela Câmara e pelo Senado. Numa
palavra: deseja-se a restauração da impunidade.
Aécio e sua irmã foram gravados pedindo
R$ 2 milhões ao corruptor Joesley Batista. Um primo de Aécio foi filmado
recebendo mochilas com dinheiro. Um amigo de Aécio foi pilhado
ocultando parte da verba. Diante de tudo isso, ministros que chegaram ao
Supremo com o aval do Senado aplicaram uma lei aprovada pelos senadores
para afastar Aécio do mandato e proibi-lo de sair de casa à noite. E os
senadores agora informam que a lei que eles aprovaram para criar
punições diferentes da prisão clássica vale para qualquer brasileiro,
menos para eles.
Enquanto o plenário do Supremo se equipa
para decidir que as punições impostas a Aécio pela Segunda Turma do
mesmo Supremo não valem, permanece na gaveta há 115 dias o processo que
impõe restrições ao foro privilegiado. Esse processo, se fosse julgado
pelo Supremo, atenuaria o problema, pois investigações como a de Aécio
desceriam para a primeira instância do Judiciário, onde mofam os 220 mil
brasileiros presos sem uma sentença.
O Brasil será outro país no dia em que
matar excrecências como o foro privilegiado for mais importante do que
salvar da extinção a tribo dos aécios. (Relembre no vídeo abaixo pedaços
da conversa vadia de Aécio com seu mecenas Joesley Batista)