Em depoimentos prestados à Procuradoria-Geral da República (PGR),
o doleiro Lúcio Funaro explicou como as propinas pagas por Joesley
Batista, sócio da JBS, chegavam a lideranças do PMDB, como o ex-deputado
federal Eduardo Cunha e o presidente Michel Temer. De acordo com
Funaro, o objetivo com a propina era obter créditos do FI-FGTS para
Eldorado Celulose, empresa do grupo J&F. "Eu tinha uma conta interna
com ele [Joesley], ele me creditou na conta corrente o valor da
propina", explicou o delator. Registrado no dia 23 de agosto deste ano, o
depoimento foi divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo, nesta
sexta-feira (13). Nas gravações, Funaro afirma que 95% do que recebeu de
Joesley foi por meio da emissão de notas fiscais. Outro método era
pagar boletos de supermercado ou de contas "que um doleiro que se chama
Tony" o mandava. "Ele cobrava um percentual e me entregava em dinheiro
vivo. O dinheiro chegando na minha mão, eu distribuía para quem eu tinha
que pagar – que, nesse caso, era o Eduardo Cunha", delatou.
Identificado como operador de propinas do PMDB, Funaro era próximo do
ex-presidente da Câmara. De acordo com o doleiro, era Cunha o
responsável por fazer o repasse "para quem era de direito dentro do
PMDB, as pessoas que apoiavam ele", explicou, citando como destinatários
o presidente Temer e o ex-ministro Henrique Eduardo Alves (RN).