Folhapress
O presidente nacional do PDT, o ex-ministro Carlos Lupi vê com bons
olhos o resultado da pesquisa Datafolha de intenções de voto para as
eleições 2018, divulgada no fim de semana.
O partido vai lançar Ciro Gomes, ex-governador do Ceará. Ainda que
concorra com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aliado de longa
data da legenda, é uma candidatura "irreversível, imutável e imexível",
diz Lupi.
"Quando você tira o Lula da disputa, que é o mais provável que
ocorra, você tem o Ciro com dez pontos. Para quem está fora de uma
campanha presidencial desde 2002, ele tem um bom rescaldo", afirma o
dirigente, que comandou a pasta do Trabalho e Emprego nos governos Lula e
Dilma.
Lupi tem a "opinião pessoal" de que a candidatura de Lula é "pouco
provável" - opinião que já tinha defendido em entrevista à reportagem,
em janeiro.
Em março, Ciro afirmou, também à Folha de S.Paulo, que não tinha vontade de ser candidato concorrendo com Lula.
"Não estou analisando o processo, mas ele [Lula] sofre um verdadeiro
massacre. Na minha opinião, é uma perseguição, que pode ter base de
fundamento, mas chega a ser ridículo", afirma o presidente do PDT.
O ex-ministro compara o caso do petista - que, em investigação em
curso na Lava Jato, é investigado pelos aluguéis de uma cobertura
avaliada em R$ 504 mil em São Bernardo do Campo – ao do ex-ministro
Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), aliado de Michel Temer.
"Isso de R$ 51 milhões do Geddel, os R$ 500 mil do Lula podia ser juizado de pequenas causas", comenta Lupi.
CENÁRIO – Ciro fechou o segundo turno, em 2002, em
quarto lugar, com 11,9% dos votos. Ficou atrás de Anthony Garotinho,
ex-governador do Rio, e de José Serra e Lula, que disputaram o segundo
turno.
A possibilidade de o cearense ser o nome à esquerda que vai se
beneficiar da ausência de Lula em 2018 ainda não é clara, analisam os
diretores do Datafolha.
Com o petista fora do pleito, a taxa de entrevistados que preferem
votar em branco ou nulo cresce em até dez pontos percentuais. Marina
Silva (Rede) é, por ora, a candidata que herda parte importante dos
eleitores do petista: cerca de um terço.
Para Lupi, Ciro terá o papel de "representar um debate político mais autêntico".
Sua presença na campanha, aposta, fará Doria (PSDB) "assumir posição,
se vai fazer um governo factoide ou efetivo". E o deputado federal Jair
Bolsonaro (hoje no PSC, prestes a migrar para o PEN) abrir o jogo sobre
sua defesa do militarismo no governo.
"Sem nenhum demérito das Forças Armadas, o papel dela constitucional é guardar nossas fronteiras", diz o dirigente do PDT.
A um ano da eleição, Lupi já definiu a maioria das suas alianças
estaduais pelo país, onde Ciro Gomes terá palanque. Quando não lançarem
candidatos próprios a governador, os pedetistas já compuseram suas
chapas com nomes para vice-governador e para senador.