Jair Bolsonaro desembarcou nos Estados Unidos
para divulgar sua candidatura a presidente. Em segundo lugar nas
pesquisas, o deputado tenta suavizar o discurso para parecer menos
radical. É um bom momento para ouvir o que ele dizia antes de sonhar com
o Planalto.
Em
1999, o capitão reformado expôs suas ideias no programa "Câmera
Aberta", na Bandeirantes. Em 35 minutos, ele defendeu a ditadura e a
tortura, pregou o fechamento do Congresso e disse que o Brasil precisava
de uma guerra civil, mesmo que isso provocasse a morte de inocentes.
A
entrevista mostra um Bolsonaro sem retoques. À vontade, ele se gaba de
sonegar impostos e estimula os telespectadores a fazerem o mesmo.
"Conselho meu e eu faço. Eu sonego tudo que for possível", afirma.
Depois, diz que a democracia é uma "porcaria" e conta o que faria se
chegasse ao poder: "Daria golpe no mesmo dia. Não funciona".
O
deputado afirma que Chico Lopes, ex-presidente do Banco Central,
merecia ser torturado em pleno Senado. "Dá porrada no Chico Lopes. Eu
até sou favorável a CPI, no caso do Chico Lopes, tivesse pau de arara
lá. Ele merecia isso: pau de arara. Funciona. Eu sou favorável à
tortura."
Mais
adiante, Bolsonaro defende o fuzilamento do presidente Fernando
Henrique e revela desprezo pelas eleições diretas: "Através do voto,
você não vai mudar nada neste país. Nada, absolutamente nada. Você só
vai mudar, infelizmente, quando nós partirmos para uma guerra civil aqui
dentro. E fazendo um trabalho que o regime militar não fez. Matando 30
mil, e começando por FHC".
O
apresentador Jair Marchesini ainda ensaia conter o deputado. Ele
insiste: "Matando. Se vai [sic] morrer alguns inocentes, tudo bem. Tudo
quanto é guerra, morre inocente".
Bolsonaro não era um jovem desavisado ao dar essas declarações, que podem ser vistas no YouTube.
Tinha 44 anos e exercia o terceiro mandato de deputado —hoje está no
sétimo. Era filiado ao PPB (atual PP), o partido de Paulo Maluf.