O Globo
Por três votos a dois, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal
(STF) determinou, hoje, a suspensão do mandato do senador Aécio Neves
(PSDB-MG), bem como o recolhimento domiciliar noturno do parlamentar, a
pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Aécio também ficará proibido de manter contato com outros
investigados e terá que entregar o passaporte à Justiça. Os ministros
Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Luiz Fux concordaram que o tucano
usou o mandato para tentar atrapalhar as investigações da Lava-Jato.
Foi negado, no entanto, o pedido de prisão da PGR. Por unanimidade,
os ministros ponderaram que a Constituição Federal proíbe a prisão de
parlamentares em exercício, a não ser que tenha ocorrido flagrante
delito de crime inafiançável. Segundo os ministros, a PGR não comprovou
essa condição.
Apenas Marco Aurélio Mello e Alexandre de Moraes recusaram o pedido
da PGR para que o tucano cumprisse as medidas cautelares do recolhimento
noturno, afastamento do mandato, entrega do passaporte à Justiça e
proibição de se comunicar com outros investigados.
Segundo eles, o Código de Processo Penal, não há previsão de afastamento dos parlamentares do mandato.
Aécio já havia sido afastado do mandato no Senado no dia 18 de maio, quandoi foi deflagrada a Operação Patmos, que investigou pagamentos da JBS ao primo do parlamentar.
Aécio já havia sido afastado do mandato no Senado no dia 18 de maio, quandoi foi deflagrada a Operação Patmos, que investigou pagamentos da JBS ao primo do parlamentar.
Frederico Pacheco, o primo de Aécio, foi flagrado em ações
controladas da Polícia Federal recebendo duas malas com R$ 500 mil de
Ricardo Saud, executivo da JBS. Na ocasião, o então procurador-geral
Rodrigo Janot pediu a prisão de Aécio, mas o ministro Edson Fachin,
relator da Lava-Jato no STF, negou o pedido. No entanto, Fachin
determinou seu afastamento das funções parlamentares.
Dois meses depois, no dia 30 de junho, o ministro Marco Aurélio
Mello, que se tornou relator do caso de Aécio após desmembramento dos
processos, autorizou que o tucano retomasse o mandato. Ao voltar ao
Congresso, Aécio disse ser vítima de uma "injustiça".
Aécio foi denunciado ao Supremo por corrupção passiva e obstrução de Justiça.