Michel
Temer perdeu mais uma no Supremo. Na semana passada, o presidente pediu
à corte que impedisse Rodrigo Janot de denunciá-lo. Foi derrotado por 9 a 0. Nesta quarta, ele tentou barrar o envio da denúncia à Câmara. Até aqui, o placar é 7 a 1 contra o governo.
O
julgamento ainda não terminou, mas a maioria já está formada. O
tribunal entende que não há motivo para suspender o rito estabelecido
pela Constituição.
O
relator Edson Fachin já havia rejeitado o pedido da defesa. Ele foi
apoiado pelos seis colegas que votaram a seguir. Nem Alexandre de
Moraes, nomeado por Temer, aceitou endossar a tese presidencial.
O
ministro Luís Roberto Barroso foi obrigado a lembrar o óbvio: é preciso
apurar os fatos para absolver os inocentes e condenar os culpados. "O
que não pode é condenar ou absolver sem investigar", afirmou.
Barroso
observou que a denúncia não se limita à delação da JBS, que o governo
tenta anular. Ele citou um "vasto conjunto de provas" que inclui
depoimentos, recibos, mensagens de celular e planilhas que registram
repasses de propina a políticos.
Os
ministros Rosa Weber, Luiz Fux, Dias Toffoli e Ricardo Levandovski
também concordaram com o voto do relator. "Seria prematura uma
interferência do Judiciário nesta fase", resumiu Fux.
Com
o placar em 7 a 0, chegou a vez de Gilmar Mendes. Ele fez o que todos
esperavam: atacou a Procuradoria, defendeu o governo e votou a favor da
blindagem do presidente. O ministro ficou isolado, mas falou tanto que
conseguiu adiar o fim do julgamento para o dia seguinte.
A
oposição não deve se animar muito. Tudo indica que o Planalto ainda
terá relativa facilidade para sepultar a denúncia na Câmara, onde as
malas importam mais que as teses jurídicas. Mesmo assim, os ministros do
Supremo deixaram um recado: não estão dispostos a sacrificar suas
biografias para ajudar Temer. Com uma solitária exceção.