O gatuno Geddel
Preso, ontem, em Salvador, onde a Polícia Federal descobriu R$ 51
milhões guardados num apartamento, dinheiro desviado dos cofres públicos
quando vice-presidente da CEF no Governo Dilma, o ex-ministro Geddel
Vieira Lima era, também, um dos homens fortes do presidente Michel Temer
(PMDB). Ocupou na gestão atual o cargo de ministro da Secretaria de
Governo até novembro de 2016, quando foi acusado pelo ex-ministro da
Cultura, Marcelo Calero, de tê-lo pressionado a liberar uma obra na
Ladeira da Barra, área nobre de Salvador.
O peemedebista era o responsável pela articulação política do governo
Temer com deputados e senadores. Ele ficou no primeiro escalão de Temer
por apenas seis meses. Depois de ter sido um crítico ferrenho de Lula
no primeiro mandato do ex-presidente, Geddel baixou as armas quando o
petista foi reeleito e assumiu o comando do Ministério da Integração
Nacional entre 2007 e 2010. Na pasta, encampou a transposição do Rio São
Francisco.
Entre 2011 e 2013, ele se tornou vice-presidente de Pessoa Jurídica
da Caixa na cota de cargos de Michel Temer. Ele se desligou do banco
público pedindo exoneração pelo Twitter à então presidente Dilma
Rousseff. Formado em administração de empresas pela Universidade de
Brasília, é natural de Salvador, onde foi assessor da Casa Civil da
Prefeitura da capital baiana entre 1988 e 1989. Em 1990, filiou-se ao
PMDB, partido pelo qual foi eleito cinco vezes deputado federal.
Na terça-feira passada, a PF apreendeu cerca de R$ 51 milhões em um
apartamento que seria utilizado por Geddel em Salvador. O dono do imóvel
afirmou à PF que havia emprestado o imóvel ao ex-ministro para que ele
guardasse pertences do pai, que morreu no ano passado. A Polícia Federal
contabilizou no apartamento R$ 42.643.500 e US$ 2.688.000 (R$
8.387.366,40, segundo a cotação do dia, de US$ 1 dólar = R$ 3,1203). A
soma dos valores em dólares e reais é de R$ 51.030.866,40.
Segundo a decisão de Vallisney que determinou a nova prisão de
Geddel, o dono do apartamento disse à PF que emprestou o imóvel ao
deputado Lúcio Vieira Lima, irmão do ex-ministro. A informação foi
confirmada pela administradora do condomínio, Patrícia dos Santos. O
superintendente da PF na Bahia havia dito que, segundo o proprietário, o
imóvel foi emprestado com o intuito de guardar bens do pai de Geddel,
morto em 2016.
SEGUNDA PRISÃO– Ex-articulador político do
presidente Michel Temer, Geddel já tinha sido preso preventivamente pela
Polícia Federal, em julho, acusado de agir para atrapalhar
investigações da Operação Cui Bono. As investigações da Cui Bono apontam
que o peemedebista, valendo-se de seu cargo na Caixa, "agia
internamente, de forma orquestrada", para beneficiar empresas com
liberações de créditos dentro de sua diretoria e fornecia informações
privilegiadas para os outros integrantes "da quadrilha que integrava",
entre eles o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).