O juiz Sérgio Moro, que é responsável pelos processos da Lava Jato na
primeira instância, condenou o ex-gerente da Petrobras Roberto
Gonçalves a 15 anos e dois meses de reclusão pelos crimes de corrupção,
lavagem de dinheiro e pertinência à organização criminosa. A sentença
foi publicada hoje.
Outros quatro réus do mesmo processo também foram condenados, mas são delatores e tiveram benefícios.
Gonçalves foi alvo da 39ª fase da operação e é acusado de receber
propina a partir de contratos da estatal. Moro também decretou a
interdição Gonçalves de cargos ou funções públicas. O juiz também
determinou o confisco de US$ 4,2 milhões em contas do ex-gerente e de
offshores das quais é beneficiário final.
O ex-gerente foi o sucessor de Pedro Barusco na Gerência Executiva de
Engenharia da estatal. De acordo com a força-tarefa da Lava Jato,
quando Barusco deixou o cargo, passou a Gonçalves o "bastão" da propina
paga pelas empreiteiras.
A denúncia, que foi aceita em abril deste ano, cita dois contratos
firmados com a Petrobras para a construção do Complexo Petroquímico do
Rio de Janeiro (Comperj), que somam mais de R$ 5 bilhões. Os consórcios
contratados foram o Pipe Rack e o TUC, integrados pelas empreiteiras
Odebrecht e UTC.
Do valor total dos contratos, o MPF acredita que tenham sido pagos R$ 56 milhões em propinas.
Veja quem são os condenados e os crimes
Roberto Gonçalves – 15 anos e dois meses de reclusão – corrupção, lavagem de dinheiro e pertinência à organização criminosa.
Walmir Pinheiro Santana – oito anos de reclusão – corrupção e lavagem de dinheiro.
Márcio Faria da Silva – sete anos e seis meses de
reclusão - lavagem de dinheiro, em regime inicial fechado. Devido ao
acordo, deverá ficar preso por seis meses no regime fechado.
Rogério Araújo – sete anos e seis meses de reclusão -
lavagem de dinheiro, em regime inicial fechado. Devido ao acordo,
deverá ficar preso por seis meses no regime fechado.
Olívio Rodrigues – quatro anos e seis meses de reclusão – lavagem de dinheiro.
O advogado James Walker, que representa Roberto Gonçalves, disse que
na análise da defesa Moro deixou de considerar uma série de argumentos
defensivos, invariavelmente privilegiando a acusação.
"Não existe, na Lava Jato, especialmente na 13ª Vara Federal de
Curitiba, a paridade de armas entre defesa e acusação. Novamente
exacerbou ao fixar a pena em 15 anos e 2 meses", argumentou o advogado.