Eles
já foram mais discretos. Na segunda-feira, Michel Temer e Gilmar Mendes
deflagraram uma nova operação casada. Num intervalo de poucas horas, os
dois defenderam a mudança do regime de governo. O discurso agora é de
que o país precisa do semipresidencialismo —um novo nome para o velho parlamentarismo, que os brasileiros já rejeitaram em dois plebiscitos.
"É
uma coisa extremamente útil ao Brasil [o semipresidencialismo]. Minha
experiência tem revelado que seria útil", disse Temer, em Brasília. "É
preciso que a gente separe as coisas de Estado das coisas de governo, e
por isso me parece que o semipresidencialismo seria o melhor caminho",
afirmou Gilmar, em São Paulo.
Antes
de assumir o poder, Temer loteou o futuro governo entre deputados e
senadores que prometeram votar a favor do impeachment. Ele batizou o
resultado das barganhas de semiparlamentarismo. Num exemplo de como o
arranjo foi negociado, o presidente conheceu seu ministro do Trabalho, o
deputado Ronaldo Nogueira, no dia da posse. Os dois foram apresentados
por Roberto Jefferson, presidente do PTB.
Apesar
de ter dado 57% dos ministérios a parlamentares, Temer assumiu como um
superpresidente. No sétimo mês de governo, ele festejou "o maior índice
de apoio que o Executivo federal teve ao longo dos tempos". "É a maior
base de sustentação que se tem no período da redemocratização", endossou
Eliseu Padilha.
A
delação da JBS reduziu o peemedebista a um semipresidente. Ele se
segurou na cadeira, mas perdeu força para sonhar com a reeleição. Hoje
seu projeto mais ambicioso é concluir o mandato, escorado numa aliança
entre o centrão e a fatia do PSDB que ainda obedece a Aécio Neves.
Com
5% de aprovação popular, Temer passou a pregar um regime que esvazia o
papel do presidente da República. É um plano promissor para quem não
dispõe de votos. Falta convencer os políticos que têm chance de chegar
ao poder pelas urnas.