Folha de S.Paulo
Em caravana no Nordeste, o ex-presidente Lula tem exagerado em alguns dados e errado em outros.
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"[Quando
resolvi ser candidato a presidente] O Nordeste tinha menos
universidades [do que as outras regiões do país]" - em discurso em
Itabaiana (SE) em 21/8
FALSO
No discurso, Lula disse que tinha o "compromisso de fazer com que o NE
fosse menos desigual em relação ao resto do país". Desde 1995, o Inep,
do Ministério da Educação, faz a Sinopse Estatística do Ensino Superior.
Na série histórica, o Norte –não o Nordeste– aparece como a região com
menos instituições de ensino superior. Em 2003, quando Lula tomou posse,
o Norte tinha 101 entidades. O Centro-Oeste, 210. O Nordeste, 304. Sul e
Sudeste tinham, respectivamente, 306 e 938. Em 2010, quando deixou a
Presidência, o ranking era: Norte (146), Centro Oeste (244), Sul (386),
Nordeste (433) e Sudeste (1.169). Isso mostra que todas as regiões
ganharam instituições de ensino superior no governo do petista. O
Instituto Lula diz que o NE ganhou universidades e que o ex-presidente
fazia "comparação com as regiões mais ricas do país, não com o Norte".
"A primeira universidade do Brasil só veio em 1930" – no Twitter, em 21/8
FALSO
A primeira instituição de ensino superior do Brasil foi a Escola de
Cirurgia da Bahia, criada em 1808. Depois, vieram a Faculdade de Direito
de Olinda e a Faculdade de Direito de São Paulo, fundadas em 1827. Há
uma polêmica sobre qual seria a primeira universidade. De acordo com a
FGV, a Universidade do Brasil, que virou UFRJ e costuma ser tratada como
a primeira do país, foi criada em 5 de julho de 1937. Ela deu
continuidade a já existente Universidade do Rio de Janeiro, constituída
na década de 1920. O Instituto Lula diz que a conta do ex-presidente no
Twitter se equivocou ao transcrever a fala dele.
"[Quando
resolvi ser candidato a presidente] O Nordeste tinha mais analfabeto
[do que as outras regiões do país]" – em discurso em Itabaiana (SE), em
21/8
VERDADEIRO, MAS
Segundo o IBGE, em 2002, quando Lula foi candidato à Presidência, o NE
era a região com maior índice de analfabetismo, com 8 milhões de pessoas
com mais de 15 anos nessa condição (17,7% da população). Mas, em 2011,
depois do governo do petista, a região continuava sendo a de maior
número de analfabetos: 6,8 milhões (13,49% da população). O Instituto
Lula ressalta que caiu o analfabetismo no Nordeste.
"Agora eles estão tirando o subsídio do programa Minha Casa Minha Vida" – à radio Fan FM, de Sergipe, em 21/8
EXAGERADO
Em 2015, o Minha Casa Minha Vida teve um orçamento executado de R$ 16,5
bilhões. No ano passado, de R$ 6,9 bilhões. Mas os cortes no programa
começaram no governo Dilma Rousseff. De maio de 2015 a abril de 2016,
quando houve o impeachment, o governo federal contratou 17.308 unidades
por R$ 565 milhões na chamada Faixa 1, que atende aos grupos de baixa
renda (até R$ 1.800 por mês). De maio de 2016 a junho de 2017, já na
gestão Michel Temer, foram contratadas duas vezes mais unidades e gastos
62,4% maiores. O Instituto Lula reforça que o governo Temer "eliminou
os subsídios às faixas de baixa renda no Minha Casa Minha Vida"
"Eles acham que Bolsa Família é só no NE. Em SP, 1,4 milhão de famílias recebem" – no Twitter, em 21/8
VERDADEIRO, MAS
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, em agosto, 1,4 milhão
de famílias receberão o Bolsa Família no Estado de SP. Com valor médio
de R$ 159 por benefício, o investido será de R$ 235,6 milhões. No
Sudeste, são 3,4 milhões de beneficiários. Com média de R$ 165,10 por
família, a região recebe R$ 568,6 milhões do programa. No Nordeste,
todos os números são maiores. A região recebe mais da metade das 13,5
milhões de bolsas concedidas pelo programa. Um total de 6,8 milhões de
famílias é beneficiado pelas bolsas. Com um benefício médio de R$ 185,76
por família, o Nordeste responde por R$ 1,3 bilhão injetado todos os
meses no programa.
"E
quando a Dilma percebeu que estava saindo mais dinheiro que entrando,
que ela fez? Preparou uma reforma e mandou para o Congresso, e o Eduardo
Cunha não deixou votar" – à rádio Metrópole, em Salvador
EXAGERADO
O primeiro ano do segundo mandato de Dilma foi marcado pelo ajuste
fiscal. O governo propôs aumento de impostos e mudanças em benefícios
sociais. A Câmara, chefiada por Cunha, aprovou duas ações: as que
modificaram a concessão da pensão por morte e o acesso ao
seguro-desemprego. Não passou a recriação da CPMF. A proposta não saiu
da Comissão de Constituição e Justiça. À época, Cunha chegou a dizer que
eram ineficientes. O Instituto Lula reconhece que não foi aprovado todo
o pacote.