Por Carlos Brickmann
De
um lado, com a caneta nas mãos, podendo nomear aliados e liberar verbas
parlamentares, o presidente Michel Temer; de outro, com o arco e flecha
nas mãos, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ambos lutam
contra o tempo. Temer precisa resistir no cargo, até 17 de setembro, às
investidas de Janot – nesse dia, termina o mandato do procurador-geral.
Janot precisa derrubar Temer até 17 de setembro, quando terá de
abandonar o comando da cruzada. No dia 18, ambos terão encontrado seu
destino: Janot festejando a glória de derrubar um presidente ou
amargando a lembrança dos dias em que seu poder era temido; Temer,
lutando pela sobrevivência, talvez afastado do cargo enquanto o Supremo o
investiga, ou livre para governar – espera-se que com ministros menos
alvejáveis.
Livrando-se
da tragédia que ele mesmo semeou, ao assumir o Governo ao lado de tipos
discutíveis, Temer poderá ancorar sua estabilidade na economia. A
inflação está abaixo da meta prevista, as exportações deram um salto, a
Petrobras recupera produção e rentabilidade, as estatais deram R$ 10,5
bilhões de lucro nos primeiros três meses do ano. Mas, para se livrar,
reduziu as reformas ao mínimo possível. Uma oportunidade perdida. Janot
transformou a denúncia contra Temer num jogo tático, dividindo-a, para,
se perder uma, ter outra a atrapalhá-lo. Nenhum dos dois, obcecados pela
vitória, pensou no país. Para ambos, o Brasil é apenas um detalhe