O Ministério Público Federal (MPF) apontou que, mesmo após deixar
o governo, Sérgio Cabral recebia "prêmios" em troca de alguns
benefícios para empresas de transporte, como a concessão de reajustes
nas tarifas de ônibus. De acordo com a Polícia Federal, dez pessoas
foram presas na Operação Ponto Final, dois estão foragidos e terão seus
nomes encaminhados para a Interpol. De acordo com o procurador da
República Eduardo El Hage, R$ 260 milhões foram desviados das empresas
de ônibus e pagos a políticos. Do total, Cabral teria recebido R$ 122
milhões em propina. Um dos casos apurados pelo Parquet foi a autorização
de um reajuste de 7% em 2009, enquanto ele deveria ter sido de 2%.
"sempre que havia um reajuste o Sérgio Cabral recebia prêmios da
Fetranspor [Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do
Estado do Rio de Janeiro] e ele distribuía esses prêmios entre a
organização criminosa dele", afirmou El Hage. A partir do pagamento de
propina que subornava até mesmo o Tribunal de Contas do Estado (TCE), os
empresários conseguiam benefícios, como ausência de licitação, reajuste
do valor das passagens acima do previsto e isenções fiscais. As
investigações apontaram que o dinheiro era recolhido nas garagens e
contabilizado através de planilhas. "Essa operação não nos surpreende na
medida em que os esquemas do senhor Sergio Cabral e dos seus liderados
já passaram pela Secretaria de Obras, já passaram pela Secretaria de
Saúde, agora estamos falando do setor de transportes e, portanto, nessa
medida o que a gente tem a reconhecer desses fatos é que ele loteou toda
a estrutura governamental, todas os contratos foram objetos de
pagamento de propina pra sua realização", explicou o procurador da
República, Leonardo Freitas. De acordo com informações do G1, a Justiça
quer que o valor de R$ 260 milhões sejam bloqueados da conta de Cabral e
Carlos Miranda, operador financeiro do ex-governador.