sábado, 27 de maio de 2017

Procurador enfrenta Moro



    

O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou, ontem, que parte dos valores desviados no esquema investigado na 41ª fase da Operação Lava Jato abasteceram contas do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB, e de sua mulher Cláudia Cruz. Para ele, Cláudia tinha como saber a origem dos recursos. A mulher de Cunha foi inocentada pelo juiz Sérgio Moro, mas o Ministério Público Federal (MPF) pretende recorrer da decisão.
A absolvição de Cláudia se deve ao "coração generoso" de Moro, ironizou o procurador, para acrescentar: "Nós sabemos que parte desses valores abasteceu a conta que foi usada por Cláudia Cruz para seus gastos em bens de altos valores. Nós vamos recorrer”. De acordo com Lima, uma pessoa com o "nível cultural" de Cláudia Cruz tinha "indicativos suficientes para saber" que os recursos que recebia eram incompatíveis com o salário que Cunha recebia como deputado federal.
"Ao gastá-los, ela cometeu o crime de lavagem. Nós não estamos acusando Cláudia Cruz de corrupção, mas de lavagem. Então, nesse aspecto o comportamento dela não é justificado e é criminoso", declarou o procurador. Moro absolveu Cláudia dos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Segundo MPF, ela recebeu em uma conta na Suíça mais de US$ 1 milhão da propina ganha por Cunha oriunda do esquema do Benin. O ex-deputado foi condenado justamente por seu envolvimento no mesmo caso.