Nem
Antonio Palocci, nem Lula. De acordo com o que Joesley Batista contou
em sua delação, o ex-ministro Guido Mantega era o seu elo com o PT.
Relatou que havia uma espécie de conta corrente para o PT na JBS. Por
meio dela, e tendo sempre Mantega como intermediário, irrigava os bolsos
de parlamentares petistas.
Ao
falar de Mantega, os delatores afirmam que era ele quem operava para o
grupo no BNDES. Portanto, eram através de tratativas diretamente com
Mantega que se negociavam os aportes ao grupo J&F. Os delatores
ressaltam, no entanto, que Mantega não pegava o dinheiro para si
próprio, mas sim para o partido.
Em
relação a Lula, Joesley afirmou aos procuradores que não tinha
intimidade com o ex-presidente. Narrou, entretanto, um encontro com Lula
em que, preocupado, reclamou que as doações, no caixa um ou dois,
estavam atingindo cifras astronômicas. Já estariam chamando a atenção.
Segundo Joesley, Lula ficou quieto, nada falou e não esticou o assunto.
Joesley
disse aos procuradores que Luciano Coutinho, o presidente do BNDES em
quase toda a era petista, era duro nas negociações. Mas admite que às
vezes se reunia com Coutinho e parecia que Mantega, com quem tratava de
propinas para o PT, já antecipara os assuntos da JBS para ele.
Palocci
entrou em situação mais light. Joesley disse que o contratou como
consultor quando a JBS começou sua escalada. Mas, segundo ele, Palocci
atuava mais como uma espécie de "professor de política" ao empresário
então neófito entre os gigantes da indústria e da política. Garantiu que
Palocci nunca se meteu em seus pleitos ao BNDES — tarefa de Mantega.
Mas admitiu que o ex-ministro de Dilma e Lula pediu a ele doação de
campanha, via caixa dois. E o dinheiro, claro, foi dado.