O
advogado Antonio Claudio Mariz, que faz parte da defesa de Michel
Temer, estuda pedir ao Supremo Tribuinal Federal (STF) para desmembrar o
inquérito que investiga o presidente e o senador afastado Aécio Neves
(PSDB-MG) por obstrução da Justiça.
"Acho que não há conexão fática nem probatória entre a questão que
envolve o Aécio e que envolve o presidente", disse Mariz nesta
terça-feira (23). Ele esteve nesta manhã no STF para levar o documento
protocolado no dia anterior, no qual desiste do pedido enviado ao
ministro Edson Fachin de suspensão do inquérito de Temer.
Fachin autorizou a investigação de Aécio e Temer com base na delação
premiada dos donos do frigorífico JBS, Joesley e Wesley Batista na Lava
Jato. Joesley usou um gravador escondido para registrar conversas com
Joesley e com Aécio e entregou os áudios para a Procuradoria Geral da
República (PGR) – que fez o termo de colaboração, homologado por Fachin,
ministro relator da operação no Supremo.
No pedido para investigar o presidente e o senador, o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirma que Temer e Aécio
agiram "em articulação" para impedir o avanço da Lava Jato.
A afirmação consta da decisão de Fachin que autorizou a investigação
de Temer, Aécio e do deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR)
por corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa.
Loures e Aécio foram afastados dos mandatos por determinação do STF.
Segundo Mariz, a defesa de Temer também avalia pedir que a
investigação seja retirar do âmbito da Lava Jato, e por consequência da
relatoria de Fachin, e pleitear uma redistribuição por sorteio para
outro relator.
A defesa diz que, se isso acontecer, não será para tirar o caso de
Fachin, mas sim para comprovar que não há conexão com Petrobras ou Lava
Jato. "Eu ainda não estou vendo isso, mas tem uma possibilidade [...] Se
houver a redistribuição, eu torço que caia com ele (Fachin). A questão
não é com ele... a questão levantada poderá mostrar que não há nenhuma
conexão do presidente Michel Temer com essas questões de Petrobrás e
Lava Jato", disse Mariz.
Segundo o Jornal Hoje, Temer esteve reunido nesta manhã no Palácio do
Jaburu com Mariz e o ministro da Secretaria Geral da Presidência,
Moreira Franco.