O prefeito ACM Neto (DEM) comemorou a “derrota” política do
governador Rui Costa (PT) ao ter Ângelo Coronel (PSD) na presidência da
Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA). Mas, ao que tudo indica, Rui
não fez questão de “ganhar”. Com três candidatos da base governista na
disputa – Coronel, Luiz Augusto (PP) e o então presidente, Marcelo Nilo
(PSL) –, Rui manteve até o final a promessa de não se envolver, apenas
conversar. Rui tinha uma predileção não declarada por Nilo, que tinha
mantido as contas da AL-BA sob controle e conseguiu aprovar a maioria
dos projetos do Executivo em regime de urgência. Em um momento de crise,
era melhor garantir o certo do que tentar apostar no duvidoso, mesmo
que sob um clamor de oxigenação da Casa. O problema é que nem às
vésperas da disputa, com cada voto disputado entre Nilo e Coronel, Rui
quis se comprometer: recebeu deputados em seu gabinete, conversou, mas
os deixou sair de lá com as “mãos abanando”. Um dos parlamentares disse
que saiu “pasmo” com a atitude do governador. O ex-governador e
secretário Jaques Wagner tentou interferir, mas não tinha poder de
decisão. Nilo tentou implorar. Não adiantou. Rui não trabalhou contra,
mas só torceu. Na eleição da Assembleia, o que contou mesmo foi outro
pleito: o de 2018. Rui tentou evitar uma disputa com Neto, mas o
prefeito ganhou força ao definir o cenário a favor da “zebra”. Sem ter o
que perder politicamente, a oposição não só ganhou força dentro da Casa
como contará agora com promessas feitas pelo novo presidente. Além
disso, também pôde comemorar o racha da base governista dentro e fora do
plenário – o que inclui o incentivo a uma separação entre Rui e o PSD
do senador Otto Alencar. Já Rui tem uma sigla a menos para considerar
nas contas sobre 2018, só que uma a mais com a qual se preocupar. O PSD
tem em mãos o maior número de cidades baianas, a União dos Municípios da
Bahia (UPB), duas das principais secretarias do Estado e a vaga de Otto
no Senado. Para buscar mais espaço, nada falta.