A
homologação das delações premiadas da empreiteira Odebrecht neste
segunda-feira -- mas sem a divulgação imediata de seu conteúdo --
iniciou um período de apreensão na gestão Michel Temer (PMDB). O
Governo avalia que assim que começar a temporada de vazamentos dos
acordos de colaboração com a Justiça, o presidente e seus auxiliares
mais próximos avaliarão quais ministros citados no escândalo da Lava
Jato terão condições de permanecer no cargo e quais terão de deixar as
funções por causa da gravidade das acusações. Nos últimos meses, ao
menos quatro deles já foram citados por delatores: Eliseu Padilha (Casa
Civil), José Serra (Relações Exteriores), Gilberto Kassab (Cidades) e
Moreira Franco (programa de privatizações). Todos negaram qualquer
envolvimento em atos ilícit
A
presidenta do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, homologou os
acordos de 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht, mas decidiu os
manter sob sigilo nesta segunda. Inicialmente, havia a expectativa de
que a presidenta suspendesse esse segredo judicial. Em tese, ela até
poderia fazê-lo, mas geralmente essa suspensão só ocorre após um pedido
formal do Ministério Público, o que não aconteceu ainda. A expectativa é
que mais de uma centena de políticos de diversos partidos estejam entre
os citados pela Odebrecht.
O
zelo da ministra em relação ao segredo judicial também leva em conta um
posicionamento futuro do novo relator do caso, que deverá ser indicado
até a próxima quinta-feira por meio de sorteio entre os atuais ministros
do STF. Quem for o escolhido herdará todos os processos relacionados à
operação Lava Jato que estavam sob a responsabilidade de Teori Zavascki,
o ministro que morreu no último dia 19 em um acidente de avião. Só
nesta Corte tramitam três ações penais e 40 inquéritos que envolvem mais
de sessenta pessoas com foro privilegiado.