Carlos Chagas
De
derrota em derrota, na última segunda-feira, com a decisão da ministra
Rosa Weber de obstar, no Supremo Tribunal Federal, os interesses do
Lula e da presidente Dilma, o impeachment vai ficando cada dia mais
provável. Dos 513 deputados, imagina-se hoje que perto de 400 se
pronunciarão a favor. As esperanças de Madame e de seu criador
assentavam-se nos 81 senadores, ou melhor, na maioria deles.
Comentários do presidente Renan Calheiros, ontem, desfaziam essa
impressão. Basta um a mais, computando-se a presença dos que estiverem
em plenário, para afastar a presidente do palácio do Planalto. Primeiro
temporariamente. Depois, em definitivo.
A
pergunta é por que se afasta uma chefe da nação eleita pelo voto
direto, duas décadas depois de outro por igual processo. Não terá
sido por conta de uma FIAT Elba, num caso, e agora em função de
pedaladas ou da nomeação de um novo chefe da Casa Civil, em outro, mesmo
em se tratando do Lula. Esses foram pecados, jamais justificando
chamas eternas.
Colllor,
e agora ao que parece, Dilma, estavam ou estarão condenados bem antes
do julgamento. Deveu, um, e deverá, outra, seu afastamento às próprias
personalidades. Assumiram como numa monarquia, esquecidos de que a
República fora proclamada há mais de cem anos. Uma vez investidos no
poder, julgaram-se acima do Bem e do Mal. Adotaram a postura de rei, um,
e de rainha, outra, ignorando a maior das qualidades que deveriam
ostentar: a humildade. Mesmo que no fundo se julgassem superiores à
humanidade, precisariam disfarçar. Fernando Henrique, por exemplo,
encenou essa farsa, mas saiu aplaudido.
Collor
por jovem demais, Dilma, por formação ideológica, esqueceram de atentar
para os sentimentos do povo à sua volta. Imaginaram governar um
país obrigado a render-lhes não apenas homenagens, mas obediência
ostensiva. A cada pronunciamento ou aparição pública, estavam
quilômetros acima de suas bases, sem atentar para que a população,
tendo ou não votado neles, rejeita a presunção, o orgulho e a
prepotência. Especialmente da parte dos que deveriam respalda-los.
Claro que diferenças existiram e existem entre eles, mas aproximam-se de uma semelhança definitiva: um triste final.