Os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato requereram
nesta sexta-feira (12), abertura de procedimentos de averiguação
judicial de descumprimento de acordo de delação do empresário ligado ao
PT Fernando Antônio Guimarães Hourneaux de Moura e dos contadores
Roberto Trombeta e Rodrigo Morales. A Procuradoria da República
ressaltou que, mesmo no caso de quebra de acordo, as provas já
produzidas pelos delatores 'poderão continuar a ser utilizadas contra os
criminosos'. Mas os delatores poderão perder 'todos os benefícios que
receberiam em razão da colaboração, como redução de pena e suspensão de
processos'. "Caberá ao Judiciário dar a palavra final sobre a quebra dos
acordos", destacou o Ministério Público Federal. Segundo a Procuradoria
da República, Fernando Moura mentiu, ao ser interrogado pelo juiz
federal Sérgio Moro, 'sobre aspecto relevante' ao julgamento da ação
criminal em que ele e o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) são réus
por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A
Procuradoria afirma que Moura 'apresentou em juízo versão diametralmente
oposta àquela exposta quando da homologação de seu acordo de
colaboração'. Em janeiro, intimado pela força-tarefa da Lava Jato, Moura
alegou ter sido ameaçado um dia antes de depor para Moro. Por isso,
disse, apresentou versão diferente da que havia dado em sua delação.
"Apesar de ter alegado suposta ameaça como fundamento para a alteração
do depoimento prestado em juízo, verificou-se ser infundada a
justificativa apresentada por Moura", afirma a Procuradoria. A Lava Jato
sustenta que Roberto Trombeta e Rodrigo Morales 'deixaram de cumprir
fielmente as obrigações assumidas, tanto no que se refere ao
fornecimento de documentos relacionados aos fatos criminosos, como no
que diz respeito ao adimplemento da multa compensatória cível'. A
Procuradoria constatou 'indícios de possível envolvimento dos
colaboradores com novos fatos criminosos, mediante condutas praticadas
posteriormente à assinatura do acordo de colaboração'.