Um novo delator da Operação Lava Jato
teria confirmado o pagamento de cerca de R$ 18 milhões em propina ao
ex-ministro Mário Negromonte e ao ex-deputado José Janene (PP), morto em
2010. De acordo com a Folha de S. Paulo, Frank Geyer Abubakir é
ex-presidente e acionista da petroquímica Unipar Carboclorol e informou
que o repasse ocorreu após a criação da petroquímica Quattor, fruto de
sociedade entre a Unipar e a Petrobras. Abubakir teria contado ao
Ministério Público Federal (MPF), em depoimento dado em novembro, que
procurou Negromonte e Janene para tentar "manter a Unipar no Mercado".
Janene teria pedido R$ 18 milhões pelo "suposto fato de o PP e de ele
próprio terem dado apoio político à empresa Unipar". Apesar de não
concordar com o valor, o empresário teria sido alvo de chantagem do
então deputado.
Ainda de acordo com o delator, Janene
continuou a extorqui-lo mesmo após o pagamento. Abubakir admitiu que,
temeroso, fez novos repasses ao ex-deputado. O episódio confirma os
depoimentos do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobras
Paulo Roberto Costa. Os advogados de defesa de Negromonte, hoje
conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia (TCM-BA),
negaram o recebimento de propina e informaram que o ex-ministro "não
recebeu qualquer valor para intermediar a criação da Quattor". Procurado
nesta sexta (5), Negromonte informou que não poderia comentar porque
não teve acesso à delação premiada de Frank Abubakir. A Unipar
Carbocloro informou que não vai comentar.
BN