Levantamento mostra laços familiares entre envolvidos na operação
De O Globo - Juliana Castro
A
cada fase deflagrada da Operação Lava-Jato, uma nova rede de conexões
envolvendo agentes políticos e financeiros é revelada. E não só isso. O
desenrolar das investigações mostrou como o maior escândalo de corrupção
do país foi, ao mesmo tempo, um negócio de família. Levantamento do
GLOBO mostra que 22 pessoas envolvidas no esquema “arrastaram” ao menos
35 parentes que, agora, figuram entre investigados, denunciados, réus e
condenados. Um dos crimes que mais tem sido apurado é o de lavagem de
dinheiro.
—
Lavagem de dinheiro é tentar ocultar o produto do crime. Para isso, é
preciso ter canais confiáveis. Entre os canais confiáveis disponíveis, a
família está em primeiro lugar. Então, se a pessoa tiver que passar um
valor para alguém, tiver de criar uma empresa fictícia, vai priorizar as
pessoas em quem confia. É arriscado. A Lava-Jato trouxe isso muito
claro, com pessoas que, aparentemente, não tinham nada a ver com a
atividade ilícita e acabaram sendo envolvidas porque prestaram o
auxílio. Prestar auxílio para a ocultação de bens é crime — explica
Silvana Battini, procuradora regional da República e professora da FGV
Direito Rio.
O
envolvimento de parentes em investigações de lavagem de dinheiro não é
uma novidade ou exclusividade da Lava-Jato. Entretanto, o alto número de
laços familiares, se comparado ao caso do mensalão, por exemplo, tem um
motivo que vai além do tamanho do escândalo.