Da Agência Estado
Delator diz à Lava Jato que levou R$ 300 mil para Collor em 2014
O
doleiro Carlos Alexandre de Souza Rocha, carregador de dinheiro de
Alberto Youssef, afirmou à força-tarefa da Operação Lava Jato que em
2014 levou R$ 300 mil para o ex-presidente da República e atual senador
Fernando Collor de Mello (PTB-AL), em pacotes de notas de R$ 100,00.
Novo delator da Lava Jato, Ceará -- como é conhecido -- citou outras
entregas de valores para Collor e para seu ex-ministro e atual dono do
Grupo GPI Investimentos, Pedro Paulo Leoni, o PP.
"No
final de janeiro de 2014, Alberto Youssef solicitou que o declarante
(Rocha) transportasse R$ 300 mil para Maceió", contou o delator, em
depoimento à Procuradoria-Geral da República.
O
montante deveria ser entregue a outro carregador de dinheiro de
Youssef, Rafael Ângulo Lopez -- que também fez acordo de delação com a
Lava Jato. "No café da manhã se encontrou com Rafael Ângulo Lopez, que
estava acompanhado de outra pessoa que não conhecia e do qual não se
recorda o nome." O delator diz que Lopez contou que o total da entrega
era de R$ 900 mil, mas não mencionou o beneficiário.
Collor
é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal desde março, quando
foram abertos as primeiras investigações pela Procuradoria-Geral
envolvendo políticos como alvos da Lava Jato. A delação de Rocha é de
junho e só foi tornada pública nesta semana.
É
o segundo carregador de malas de Youssef a fazer delação e confirmar
que Collor recebia dinheiro do esquema de corrupção, alvo da Lava Jato. O
próprio Rafael Ângulo Lopez disse em seu depoimento que entregou
dinheiro em espécie para o senador, episódio citado por Rocha.
O
delator também disse ter ouvido do ex-chefe que PP "era muito amigo" de
Collor e que chegou a levar três vezes dinheiro em uma empresa de água
do ex-ministro em Itapema (SC). Collor foi procurado, por meio de sua
assessoria, mas não foi localizado. O senador tem negado as acusações.
Pedro Paulo também não foi localizado.