Três dias depois de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizer
em entrevista a blogueiros que "daqui para a frente" iria "processar
todo mundo", seus advogados examinam medidas judiciais contra o promotor
Cassio Conserino. O promotor, que alega estar apenas dando
transparência a um caso de interesse público, investiga o apartamento
tríplex reservado ao ex-presidente na praia de Astúrias, no Guarujá,
cidade do litoral de São Paulo. Ele afirma que já tem indícios
suficientes para apresentar denúncia por lavagem de dinheiro e ocultação
de patrimônio contra Lula (leia mais aqui). Em
nota intitulada "violência contra Lula: promotor anuncia denúncia sem
ouvir defesa", o Instituto Lula nega que o ex-presidente e sua família
tenham cometido os crimes e acusa Conserino de violar a lei e o estado
democrático de direito ao anunciar, via imprensa, que pretende denunciar
o petista antes mesmo de ouvir a defesa. A intenção do promotor foi
divulgada em entrevista à revista Veja. Conserino, também por meio de
nota, negou ter antecipado a decisão. Segundo ele, as evidências abrem a
"possibilidade" da denúncia. Ao jornal O Estado de S. Paulo, o promotor
defendeu o direito dos promotores de darem transparência a inquéritos
de alto interesse público. "Informar a sociedade sobre uma investigação
de evidente interesse público, por meio de uma imprensa livre não me
parece violar a lei, especialmente porque o sigilo da investigação foi
baixado. Além disso somos promotores de Justiça e trabalhamos em prol e
para a sociedade, que merece tomar ciência de investigações dessa
envergadura", disse ele. A nota do Instituto Lula também faz menção à
revista Veja, que, na sua avaliação, "utilizou a entrevista do promotor
para mais uma vez ofender e difamar o ex-presidente Lula e será objeto
de nova ação judicial por seus repetidos crimes".