DP
– O Partido dos Trabalhadores, que sempre se percebeu como fonte de
esplendor e confiança, tornou-se um triste arremedo de si mesmo.
Não passa hoje
um agrupamento capenga, sem coluna vertebral, cujos quadros vão se
estiolando a cada novo avanço das investigações de corrupção no País. A
morte por falência múltipla de órgãos se aproxima, e ela promete ser
lenta e agônica.
Resultado de sua própria
incompatibilidade com a democracia (sua aspiração, sabem todos seus
integrantes, é a de tornar-se um partido único, detentor da absoluta
verdade e de todos os poderes), o PT nunca teve verdadeiros
aliados. Quando buscou alianças, foi porque delas precisou
desesperadamente para chegar ao poder e nele se consolidar.
Lula, o milionário (R$53 milhões
recebidos por “palestras” nos últimos quatro anos) ainda conseguia
iludir a muitos com sua irradiante simpatia. Sempre mentiu facilmente,
desmentindo com a mesma facilidade. O PT foi para ele um mero
instrumento de ascensão política e consolidação no poder. No fundo é um
pragmático, que nada tem a ver com coisíssima nenhuma. E tanto é assim
que para sucedê-lo foi pegar Dilma, do PDT.
Agora, ameaçada de impeachment, a mesma
Dilma durona, hábil nas pedaladas, cai no chororô. O PT, um dos
protagonistas mais veementes pelo impeachment de Fernando Collor (Lula
dizia que a simples não concretização das promessas de campanha era
razão para o afastamento de um político de seu cargo) tem agora
faniquitos, e diz que impeachment é golpe. Mas mesmo assim, continuou
tratando os aliados da mesma maneira como trata todo mundo: de forma
arrogante e grosseira.
O vice-presidente Michel Temer sabe como é
lidar com o PT, hábil manipulador de ideias, palavras e conceitos. Por
isso, começou a carta que mandou ontem para Dilma com uma expressão
latina: “verba volant, scripta manent”: as palavras voam, mas a escrita
permanece. E o que o vice-presidente disse, por escrito, revela muito o
que é ter Dilma e o PT como supostos aliados.
A começar da absoluta desconfiança com
que Temer e o PMDB foram tratados pela Presidente e pelo PT,
“desconfiança incompatível com o que fizemos para manter o apoio pessoal
e partidário ao seu governo”, observou o Vice-Presidente, ao assinalar
que no primeiro mandato foi tratado apenas como peça decorativa, chamado
apenas para resolver votações do PMDB, jamais chamado para discutir
formulações econômicas ou políticas.
A lista de desfeitas protagonizadas por
Dilma e o PT é longa, e Temer as alinha todas, para finalizar observando
que o PMDB tem ciência de que o governo busca promover sua divisão (“o
que já tentou no passado, sem sucesso”). O petardo fica para o final:
passados esses momentos críticos, tenho certeza de que o País terá
tranquilidade para crescer e consolidar as conquistas sociais.Sei que a
senhora não tem confiança em mim e no PMDB hoje, e não terá amanhã.