A cidade de Jaíba, no norte de Minas
Gerais, viveu uma verdadeira reviravolta: seu prefeito foi preso na
véspera do Natal e, como a prefeitura ainda não foi citada, ele continua
gerindo a cidade, só que da cadeia.
O prefeito Enoch Vinícius Campos de Lima
(PDT) foi preso preventivamente junto com o secretário de Saúde da
cidade, Weverton Dias Silva, e dois servidores da prefeitura, acusados
de desvio de verbas, recebimento de propina e de atrapalhar
investigações conduzidas pelo Ministério Público de Minas Gerais.
As prisões foram decretadas pelo
desembargador Eduardo Machado, da 5ª Câmara do Tribunal de Justiça de
Minas Gerais. Em sua decisão, o julgador diz que o prefeito lidera uma
organização criminosa. Além da prisão preventiva, a decisão do TJ-MG
estabelece a quebra dos sigilos bancários dos citados e de uma empresa
suspeita de pagar propina para vencer licitação com a prefeitura.
A prisão e a quebra do sigilo bancário
do presidente da Câmara Municipal da cidade, Valdemir Soares da Silva e
de seu vice-presidente, Farrique Xavier da Silva, também foram
solicitadas. Porém, os pedidos foram negados pelo desembargador do
TJ-MG.
Ao portal Hoje em Dia, o
procurador de Jaíba, advogado Fábio Lima, afirmou que Enoch continua
administrando o município da penitenciária de Montes Claros. “O prefeito
está detido no presídio de Montes Claros. A prefeitura não foi
notificada, oficialmente não conhecemos a decisão. Até então ele
continua prefeito”, diz
“Ele está despachando de dentro do
presídio. Os serviços essenciais estão sendo mantidos”, explicou o
advogado, complementando que também impetrou um Habeas Corpus junto ao
Superior Tribunal de Justiça, mas ainda não há decisão da corte.
Vai e volta
O caso envolvendo o prefeito e sua equipe administrativa não é o único vivido pela pequena cidade de 37 mil habitantes. Em julho, Enoch havia sido afastado da prefeitura por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal que apurava a troca de brita por cascalho na pavimentação de uma via da cidade.
O caso envolvendo o prefeito e sua equipe administrativa não é o único vivido pela pequena cidade de 37 mil habitantes. Em julho, Enoch havia sido afastado da prefeitura por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal que apurava a troca de brita por cascalho na pavimentação de uma via da cidade.
Enoch voltou ao cargo depois de decisão
liminar proferida pelo TJ-MG. À época, um dos argumentos usados pela
defesa do prefeito da cidade mineira foi o de que o recebimento da
denúncia ocorreu por sete vereadores adversários do mandatário e pelo
então presidente da Câmara, Valdemir Soares Oliveira (DEM), que seria
diretamente beneficiado com a cassação. Jaíba não possui vice-prefeito
devido à cassação do titular, Jimmy Murça (PC do B), em 2013.
Em outro caso, ocorrido em março deste
ano, Enoch foi afastado da função devido a acusações de fraude nos
setores da Saúde e da Construção Civil. Consta nas investigações que os
desvios são estimados em R$ 10 milhões. Além do prefeito, outras 30
pessoas foram citadas nas investigações e prestaram depoimentos na
Comarca de Manga, que fica a 60 quilômetros de Jaíba. A operação recebeu
o nome de “ração de papagaio”, que seria, segundo o MP-MG, o código
usado pelos envolvidos para se referir à propina.
Entre os citados está o ex-prefeito e
irmão de Enoch, Wellington Pacífico Campos de Lima (PP), dois
vereadores, cinco secretários municipais — que, por determinação da
Justiça, foram afastados dos seus cargos por seis meses — e empresários.
O suposto desvio envolvendo Pacífico, que é médico, teria ocorrido em
uma licitação para atendimento psiquiátrico. As investigações apontam
que ele teria sido favorecido para vencer o certame mesmo sem ter
especialização no ramo.
Ações no Legislativo
Além do Executivo jaibense, o Legislativo também foi alvo de diligências policiais. Em junho deste ano, a Justiça afastou sete dos 13 vereadores da Câmara municipal por causa de manobras promovidas por eles para evitar a apuração de denúncia de recebimento ilegal de R$ 500 mil em diárias.
Além do Executivo jaibense, o Legislativo também foi alvo de diligências policiais. Em junho deste ano, a Justiça afastou sete dos 13 vereadores da Câmara municipal por causa de manobras promovidas por eles para evitar a apuração de denúncia de recebimento ilegal de R$ 500 mil em diárias.
A ação que afastou os parlamentares foi
movida pelo prefeito que está preso. No mandado de segurança, ele dizia
que os vereadores rejeitaram a apuração das irregularidades
investigadas. Com a decisão, os vereadores foram suspensas e seus
respectivos suplentes foram convocados.