A força-tarefa da Operação Lava Jato descobriu uma
movimentação de 190 milhões de dólares e 4,4 milhões de euros em contas
do doleiro Nelson Martins Ribeiro, preso na Operação Corrosão, 20ª fase
das apurações, deflagrada no dia 16 de novembro. Segundo a Polícia
Federal, Nelson Ribeiro 'dedica-se profissionalmente à corrupção e à
lavagem de dinheiro'.
A Lava Jato citou pela primeira vez a multinacional holandesa Vitol, fornecedora de combustíveis para petroleiros.
Inicialmente, a Lava Jato identificou que o doleiro da Corrosão -
colocado em liberdade dez dias depois - usou três contas secretas em
nome de off-shores mantidas nas Ilhas Cayman (Crown International Ltd.,
Enterprise Tech Industries Inc e Apple Capital Corp) para depositar US$
5,66 milhões nas contas do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras
Paulo Roberto Costa - primeiro delator da Lava Jato.
"Examinando mais acuradamente, a documentação relativa às contas,
contatou que a movimentação total das contas de Nelson seria muito
superior ao montante depositado de Paulo Roberto Costa, atingindo, entre
2009 e 2012, USD 190.204.821,98 e 4.459.259,66 euros", registra no
processo o juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava
Jato em Curitiba.
Com a cooperação jurídica internacional das Ilhas Cayman, a
Procuradoria descobriu que parte dos recursos depositados nas contas de
Nelson Ribeiro veio das contas das off-shores Klienfeld Services,
Innovation Researd, Trident Trading e Constructora del Sur. Essas contas
foram utilizadas, segundo a Lava Jato, para fazer depósitos nas contas
secretas não só do ex-diretor de Abastecimento, mas como também para o
ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque - preso desde março, em
Curitiba - e seu ex-braço direito Pedro Barusco, delator dos processos.
O documento da Procuradoria da República cita também o doleiro
Bernardo Freiburghaus, apontado pelos investigadores como operador de
propinas da Odebrecht. "Nelson Martins Ribeiro, por intermédio de sua
casa de câmbio N e A Viagens Turismo e Câmbio LTDA., é um operador
financeiro que, juntamente com Bernardo Freiburghaus, desenvolveu
diversos atos de lavagem transnacional de ativos em favor do Grupo
Odebrecht por intermédio da realização de transações financeiras
ilícitas no exterior a partir de contas sediadas nas Ilhas Cayman em
nome das offshores Crown International LTD, Enterprise Tech Industries
Inc. e Apple Capital Corp", sustenta a Procuradoria da República.